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Mais de 20 mil diabéticos impedidos de medir glicemia por falta de tiras reagentes na Venezuela

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Mais de 20 mil diabéticos estão impedidos de medir o nível de açúcar no sangue por falta de material médico, na Venezuela, denunciou a organização não-governamental (ONG) Guerreros Azules, composta por pais de crianças com diabetes.

"A escassez de tiras reagentes é uma situação que se generalizou durante a pandemia (da covid-19), mas que se agravou durante o ano de 2022, a tal ponto que mais de vinte mil pacientes em todo o país não têm acesso a este suprimento vital para gerir adequadamente a sua condição de diabetes tipo 1 e 2" explica a ONG em comunicado.

Segundo a Guerreros Azules "as pessoas que vivem com diabetes tipo 1 precisam de medir a sua glicemia (nível de açúcar) pelo menos três vezes por dia, pois assim ficam a saber as unidades exatas de insulina que devem injetar".

No entanto, "ao não terem este valor, correm o risco de descompensação, de apresentarem recorrência em glicemia baixa, o que pode levar a convulsões ou à morte", e, "no caso de hiperglicemia, com o passar dos dias, pode levar à cetoacidose grave" e necessitarem de "cuidados intensivos, que, se não for tratado a tempo, pode também levar à morte".

O documento refere ainda que os pacientes com baixos rendimentos, que dependem do sistema público de saúde utilizam um instrumento de medição da marca SUMA que "geralmente estão fora da validade".

Segundo relatórios, explica a organização, existem tiras reagentes cuja validade expirou em 2013, "uma situação muito grave, uma vez que os resultados das tiras expiradas não são fiáveis e podem levar a dosagens erradas de insulina".

A Guerreros Azules acrescenta que alguns pacientes pagam entre quatro a cinco dólares (3,8 a 4,7 euros) por uma caixa de 50 tiras, uma vez que "não têm outra alternativa, porque é essencial ter as fitas para a gestão do açúcar".

Isto significa que têm de pagar "por um suprimento que deve ser fornecido gratuitamente pelas instituições públicas".

A ONG alerta ainda que fontes consultadas dão conta que "a situação se tornou mais complicada quando as tiras reagentes deixaram de ser entregues em ambulatórios e hospitais" e passaram a ser distribuídas pelas "farmácias comunitárias, que, em alguns casos, recebem apenas receitas de médicos integrais (equivalente a clínicos gerais)".

"Deve notar-se que é comum haver discrepâncias entre o pedido de um médico integral e de um médico de um hospital", sublinha a organização.

A Guerreros Azules é uma ONG fundada em 2016, por um grupo de pais de crianças com diabetes tipo 1, que queriam realizar atividades para melhorar a qualidade de vida deste tipo de pacientes.

Segundo a organização, as crianças e adolescentes são a população que apresenta maior vulnerabilidade e os familiares muitas vezes não têm a informação ou recursos necessários.

Sob o slogan "juntos é mais fácil" a Guerreros Azules dá formação aos pais em diabetes para ajudar a gerir os processos emocionais e controlar a doença.