Desporto

PNED comemora 10 anos após 2.500 iniciativas e chegar a 125 mil pessoas

Foto DR/PNED/Facebook
Foto DR/PNED/Facebook

O Plano Nacional de Ética no Desporto (PNED) comemora na quarta-feira 10 anos de existência, nos quais realizou cerca de 2.500 ações, chegou "de forma direta a cerca de 125 mil participantes" e implementou o cartão branco no país.

Em entrevista à Lusa, o coordenador, José Lima, lembra a criação do projeto pela secretaria de Estado da Juventude e do Desporto em 2012, tendo chegado a partir daí a jovens, crianças, pais, treinadores, dirigentes e outros agentes desportivos de várias modalidades.

José Lima elenca dois projetos estruturantes, no caso a Bandeira da Ética, no qual se registaram já cerca de 1.700 entidades por todo o país, com "cerca de 500 certificações emitidas", e o cartão branco.

Este "valoriza um gesto de 'fair play'" e reflete a "missão fundamentalmente preventiva" e a "visão positiva do desporto" que o PNED preconiza.

Com participação direta em quase um milhar de eventos desportivos e mais de 30 publicações lançadas, o projeto alçou-se ainda em vários concursos ligados à ética desportiva, de alunos do secundário a jornalistas e investigadores, e em 22 campanhas promocionais.

Entre os temas estão ações contra a violência, de promoção do 'fair play', do saber estar no desporto, para pais, mas também rubricas constantes em vários órgãos de comunicação social.

Quanto ao cartão branco, a adesão é clara: são 71 as entidades que o promovem e aplicam, em perto de 25 modalidades, com "cerca de 2.700 amostragens" até à data. "Serão mais, porque uma parte substancial [das amostragens] os árbitros não registam", completa.

Neste tempo, o PNED recebeu dois prémios internacionais, um deles do Movimento Europeu de Fair Play, em 2016, e outro da Peace and Sport, em 2021, pelas boas práticas, e o próprio cartão foi estudado por uma entidade internacional.

Segundo Steve Town, investigador da Universidade de Bournemouth e chefe do Comité Científico do Movimento Europeu pelo Fair Play (EFPM, na sigla inglesa), o estudo que desenvolveu mostra que "a aplicação do cartão influencia a prática desportiva com fair play", seguindo a aplicação, e os efeitos, da medida sobretudo no futebol jovem, no qual foi implementado.

No futebol, o cartão é aplicado pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF) em todas as competições sob a sua alçada à exceção da Taça de Portugal e das competições da Liga, profissionais, e o EFPM pretende propor a sua inclusão em outros países europeus.

"O PNED criou uma marca que é reconhecida pela positiva e que trouxe a dimensão da ética e dos valores no desporto para cima da mesa, através da comunicação social, das federações desportivas, e acho que foi um objetivo conseguido e importante", analisa José Lima.

Segundo o coordenador, o projeto "congregou os agentes desportivos em torno do tema" e conseguiu o envolvimento da comunidade, que primeiro mostrou "alguma resistência", mas agora faz 'chover' pedidos todos os dias sobre a equipa.

"Às vezes, faltam atitudes concretas. Acho que isso se conseguiu, envolver os agentes e que se empenhem na questão da ética, quer associações, federações, clubes", concretiza.

Debaixo da alçada do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), o PNED desenvolve-se com uma equipa dedicada de três pessoas e articula-se com as direções regionais deste organismo, além de outras parcerias.

A entrada da FPF no cartão branco, aplicado há cerca de cinco anos, significou "um salto muito grande nas amostragens" e veio dar ainda mais força à divulgação que tem: "todas as semanas há notícias de um caso e isso é fundamental".

Sobre a Bandeira da Ética, que na prática é "um modelo de certificação que visa dar visibilidade às boas práticas de clubes, entidades, municípios, escolas, etc.", no âmbito da ética desportiva, esta começa já a ser usada como instrumento de decisão política, por exemplo na hora de aplicar financiamentos ou criar parcerias.

Para a frente, a perspetiva "é sempre o longo prazo", investindo sobretudo nas camadas jovens, um "trabalho geracional que só veremos muito mais à frente".

"O que temos é uma perceção muito concreta de que há uma mudança nos clubes, isso nota-se na formação dos treinadores, os treinadores já se referem mais a isto, os dirigentes também. Há uma preocupação já nos clubes de desenvolver ações concretas para os pais, atividades específicas, documentos estratégicos. O reflexo é pela positiva", avalia.

Para este trabalho "constante", ainda falta "um maior empenho dos clubes no que se poderia chamar uma institucionalização da ética", sobretudo na criação de documentos estratégicos e códigos de conduta que fossem realmente aplicados.

A subida do cartão branco ao patamar profissional, por outro lado, seria "um sonho bastante interessante" para José Lima, à frente do projeto desde o seu arranque, aliando a "boa adesão" ao "desejo de melhorar sempre" e de chegar a mais pedidos e mais intervenções, sempre com o "envolvimento" da comunidade desportiva.

Para assinalar o 10.º aniversário, o PNED celebra na quarta-feira na Física de Torres Vedras, distrito de Lisboa, com o lançamento de duas novas publicações, a apresentação dos principais resultados e um novo logótipo comemorativo, com a presença do secretário de Estado do setor, João Paulo Rebelo.