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Maduro defende Saab na ONU e denuncia distorções no processo nos EUA

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Foto EPA

O Presidente da Venezuela defendeu hoje, na ONU, o empresário colombo-venezuelano Alex Saab, tido como testa-de-ferro de Nicolás Maduro e denunciou falhas e aberrantes desvios no processo judicial a correr nos EUA.

"A sua imunidade diplomática, os seus direitos humanos e a sua própria integridade física foram cruel e sistematicamente violados. O seu processo num tribunal norte-americano está cheio de graves falhas e distorções aberrantes", disse o governante.

Nicolás Maduro falava na sessão inaugural do Conselho de Direitos Humanos da ONU, numa intervenção em que falou ainda das consequências negativas das sanções internacionais para a Venezuela.

O Presidente da Venezuela, explicou que "o embaixador Alex Saab foi ilegalmente sequestrado em junho de 2020, em Cabo Verde, durante uma missão oficial para levar comida e medicamentos à Venezuela".

"Em 16 de Outubro de 2021, foi sequestrado por um grupo de militares dos EUA e ilegalmente levado de Cabo Verde para o estado da Florida, apesar de uma decisão clara e categórica do tribunal da Comunidade de Estados da África Ocidental, que ordenou a sua libertação imediata", sublinhou Nicolás Maduro.

O governante recordou que "em finais de 2021, o diplomata Alex Saab foi nomeado representante oficial e permanente do Governo venezuelano na mesa de diálogo" que decorria no México, "entre o Governo constitucional e distintos setores da oposição venezuelana".

"Consequentemente, ocorreu o seu segundo sequestro e extração ilegal para os Estados Unidos. Foi um golpe arteiro e cruel ao desenvolvimento e continuidade do diálogo e ao processo de paz, que se desenvolvia no México", disse o político.

Em 06 de janeiro, o Governo venezuelano condicionou uma eventual retoma do diálogo com a oposição à libertação do empresário colombiano Alex Saab, detido nos EUA por suspeita de lavagem e dinheiro e tido como testa-de-ferro de Nicolás Maduro.

"Querem diálogo? Libertem Alex Saab para que se incorpore à mesa de diálogo com as 'oposições' venezuelanas", disse Jorge Rodríguez, presidente da Assembleia Nacional (AN), organismo dirigido por apoiantes do regime e onde o chavismo detém a maioria.

Alex Saab, 49 anos, foi detido pela Interpol e pelas autoridades cabo-verdianas em 12 de junho de 2020, durante uma escala técnica no Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, ilha do Sal, com base num mandado de captura internacional emitido pelos EUA, numa viagem para o Irão em representação da Venezuela, com passaporte diplomático, enquanto 'enviado especial' do Governo venezuelano.

A sua detenção colocou Cabo Verde no centro de uma disputa entre o regime do Presidente Nicolás Maduro, na Venezuela, que alega as suas funções diplomáticas aquando da detenção, e a Presidência norte-americana, bem como irregularidades no mandado de captura internacional e no processo de detenção.

Washington pediu a sua extradição, acusando-o de branquear 350 milhões de dólares (295 milhões de euros) para pagar atos de corrupção do Presidente venezuelano, através do sistema financeiro norte-americano.