Madeira

"A relação com a Madeira é sempre tensa"

A constatação é assumida pelo primeiro-ministro em entrevista a Francisco Pinto Balsemão, no "podcast" Deixar o Mundo Melhor

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António Costa foi eleito personalidade nacional de 2022 pelos jornalistas do DIÁRIO

António Costa entende que "a relação com a Madeira é sempre tensa por natureza", conflitualidade que faz parte do discurso do político da Região. Uma convicção assumida pelo primeiro-ministro em entrevista a Francisco Pinto Balsemão, no "podcast" Deixar o Mundo Melhor.

Na conversa gravada a 21 de Dezembro, antes da última polémica no governo, Pinto Balsemão quis saber com qual das regiões e com qual dos presidentes o primeiro-ministro se dava melhor e António Costa fez-lhe a vontade.

Pessoalmente com o Miguel damo-nos bem e a relação é óptima". António Costa

O facto de Miguel Albuquerque e José Manuel Bolieiro terem sido autarcas, ao mesmo tempo que Costa, contribui para o bom relacionamento pessoal, embora o primeiro-ministro entenda não haver qualquer máfia autárquica, mesmo que no bom sentido.

Apesar das amizades, António Costa admite haver diferenças comportamentais entre a Madeira e os Açores.

Faz parte do ADN da afirmação da autonomia essa conflitualidade permanente com Lisboa. Sempre que se resolve um problema aparecem sempre dois por resolver. Com os Açores é completamente diferente, mas as relações têm sido particularmente boas com uns e com outros". António Costa

Na entrevista o primeiro-ministro garante que só em outubro de 2026 é que decidirá o que fazer quando cessar funções na liderança do Governo, mas não descartou uma nova candidatura à liderança do PS no congresso socialista de 2025.

 Na entrevista, publicada pelo semanário Expresso, António Costa aborda ainda um eventual cargo europeu, esvaziando polémicas.

Entre os cargos que disse não querer, António Costa referiu o de Presidente da República, reiterando que nunca será, "em circunstância alguma", candidato a chefe de Estado.

Jornalistas do DIÁRIO escolhem Costa como personalidade nacional do ano

António Costa foi eleito personalidade nacional de 2022 pelos jornalistas do DIÁRIO no ano em foi reconduzido para um terceiro mandato como primeiro-ministro, após o PS ter vencido as eleições legislativas de 30 de Janeiro com maioria absoluta. 

António Luís Santos da Costa, natural de Lisboa, licenciado em Ciências Jurídico-Políticas pela Faculdade de Direito de Lisboa, tem 61 anos e desempenha as funções de primeiro-ministro desde novembro de 2015.

Se completar o seu atual mandato na liderança do executivo, que termina em outubro de 2026, ultrapassará Aníbal Cavaco Silva em longevidade nesse cargo e será o primeiro-ministro que mais tempo esteve em funções em Portugal, quase 11 anos.

Nos seus dois primeiros mandatos como primeiro-ministro, António Costa, que lidera o PS desde novembro de 2014, formou governos minoritários socialistas com um inédito suporte político no parlamento do Bloco de Esquerda, PCP e PEV.

Considerado um hábil negociador político, perdeu as eleições legislativas de 2015 para a coligação PSD/CDS-PP, liderada por Pedro Passos Coelho, mas deu a volta a essa derrota eleitoral ao unir os partidos de esquerda, que em conjunto estavam já em maioria no parlamento, formando a solução governativa denominada "Geringonça".

O PS venceu depois as legislativas de 2019, com 36,4% dos votos, e voltou a formar um Governo minoritário com o apoio parlamentar do BE, PCP e PEV, mas agora sem qualquer suporte baseado em acordos escritos entre os diferentes partidos de esquerda.

Esta segunda "Geringonça", que foi confrontada com a crise pandémica de covid-19, deu sinais de desgaste logo na votação do Orçamento para 2021, com o BE a votar contra. No Orçamento para 2022, o PCP juntou-se ao voto contra do BE e das forças à direita do PS, abriu-se uma crise política e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, convocou eleições legislativas antecipadas.

Contrariando a generalidade das sondagens, o PS alcançou a segunda maioria absoluta da sua história -- a primeira vez tinha sido com José Sócrates em 2015 -- e António Costa foi pela terceira vez empossado primeiro-ministro em 30 de março passado.

Filho da jornalista Maria Antónia Palla e do escritor e técnico de publicidade Orlando Costa, goês e militante do PCP, António Costa inscreveu-se aos 14 anos na Juventude Socialista e tem já uma longa carreira política.

Chegou à direção nacional do PS em 1986 numa equipa chefiada por Vítor Constâncio, apoiou Jorge Sampaio para a liderança do partido em 1989 e foi seu diretor de campanha nas presidenciais de 1996.

Ministro dos Assuntos Parlamentares e da Justiça nos dois governos liderados por António Guterres, Costa foi também líder parlamentar do PS entre 2002 e 2004 sob a liderança de Ferro Rodrigues. Foi eurodeputado por alguns meses entre 2004 e 2005.

No primeiro Governo de José Sócrates, foi o "número dois", desempenhando as funções de ministro de Estado e da Administração Interna.

Presidente da Câmara Municipal de Lisboa entre julho de 2007 e abril de 2015, deu o primeiro passo para chegar à liderança do PS ao vencer o seu antecessor, António José Seguro, em eleições primárias - as primeiras abertas a simpatizantes - realizadas em setembro de 2014.

Benfiquista, agnóstico, casado e com dois filhos, diz-se que António Costa gosta de jogos de bastidores. O próprio tem salientado a sua "excelente" cooperação institucional com Marcelo Rebelo de Sousa, a quem deu apoio indireto nas presidenciais de 2020.