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Abertura noturna do aeroporto de Santa Maria implica prejuízo de 180 mil euros

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Foto ANA Aeroportos

O presidente executivo da ANA Aeroportos alertou hoje que os voos noturnos no aeroporto de Santa Maria, nos Açores, "só produzem custos" e um prejuízo adicional de 180 mil euros, realçando que aquela infraestrutura já é deficitária.

"Para a natureza da regulação económica aplicada à nossa empresa, esses voos não produzem receitas e só produzem custos", afirmou Thierry Ligonnière.

O gestor falava na comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação da Assembleia da República devido ao encerramento do aeroporto de Santa Maria entre as 00:00 e as 06:00.

Thierry Ligonnière realçou que a margem operacional do aeroporto de Santa Maria para 2022 é negativa em cerca de 1,5 milhões de euros, alegando que os voos noturnos têm um impacto "irrelevante" na economia da ilha.

"As operações realizadas em 2019, entre as 21:30 da noite e as 06:30 da manhã, criaram nos nossos cálculos um prejuízo adicional de quase 180 mil euros para um aeroporto que já perde 1,5 milhões de euros", destacou.

O presidente da ANA lembrou que os operadores têm a "alternativa" do aeroporto das Lajes, na ilha Terceira, que está aberto durante a noite, mas admitiu que a alteração nas taxas daquele tipo de voos noturnos poderá permitir à empresa "avaliar" a decisão.

"Os voos que pedem reabertura durante a noite têm um motivo que é o reabastecimento. Não embarca, nem desembarca nenhum passageiro", vincou.

O presidente da ANA reforçou que o serviço noturno foi assegurado até ao verão com recurso a horas extraordinárias dos funcionários do aeroporto, o que "causou um grande desgaste" nas equipas.

O gestor afirmou que o encerramento durante o período noturno é permitido pelo contrato de concessão e que o aeroporto continua "sempre disponível" para reabrir em situações de emergência.

Thierry Ligonnière recordou que em 2006 foi acordado que a ANA (à altura uma empresa pública) iria receber uma "compensação" por parte do Governo dos Açores devido ao período adicional de abertura do aeroporto, um apoio que "não chegou a ser operacionalizado".

 "Houve faturas que foram emitidas, mas não foram pagas", assinalou.

O deputado do PS Francisco César evocou os 303 milhões de euros de lucro que a ANA Aeroportos registou em 2019 para apelar à "responsabilidade social" da empresa, lembrando a "importância" do aeroporto para a economia de Santa Maria.

César alertou que a decisão de encerrar o aeroporto durante a noite pode levar a despedimentos, advogando que em 2016 foram realizados 335 pedidos de reabertura durante a noite, com uma receita acima dos dois milhões de euros.

"Estamos disponíveis para analisar os documentos que o senhor deputado tem em termos de impacto sobre a economia da ilha porque o nosso entendimento é diferente", retorquiu o presidente da ANA.

Paulo Moniz, do PSD, também alertou para os impactos da decisão na economia da ilha, realçando que não se "trata de uma análise de contabilidade analítica restrita", reforçando a importância história de Santa Maria na aviação.

O deputado do Chega, Filipe Melo, defendeu que "não se pode pedir a uma empresa privada que assuma prejuízos por causa do desenvolvimento de uma ilha", defendendo que tal deveria ter sido assegurado aquando da concessão.

A 09 de agosto, a autarquia de Vila de Porto, a única de Santa Maria, questionou a ANA Aeroportos para "perceber qual é o horário do aeroporto" de Santa Maria, lembrando a importância da ilha no acolhimento de escalas técnicas.