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Albuquerque apanhou-lhe o jeito

Os madeirenses alimentam um poder de falsidade, de mão-de-ferro há quase meio século, contra a essência da democracia sem nunca sequer questionarem se é mesmo este modelo de governação que serve a Madeira e o seu povo

Os madeirenses aceitaram e habituaram-se ao tique ditatorial de Alberto João Jardim, enquanto governante, e interiorizaram o modo de governação do falar grosso, da prepotência e arrogância que, após quase 50 anos, Miguel Albuquerque vendo que o método resulta tomou-lhe o gosto e segue-lhe as peugadas continuando o mesmo estilho de governação, à moda da Coreia do Norte de Kim Jong-Un, onde o povo é submisso e endeusam o seu governante. Para os madeirenses o Dr. Jardim e o Dr. Albuquerque são os deuses e o PSD-M é a doutrina, sendo que o Dr Calado já está na forja para dar continuidade à “dinastia divina” pela prepotência na CMF. Lembra-me uma terra onde a sede de poder se instalou, cavalgando no dorso da ignorância. Os madeirenses alimentam um poder de falsidade, de mão-de-ferro há quase meio século, contra a essência da democracia, sem nunca sequer questionarem se é mesmo este modelo de governação que serve a Madeira e o seu povo. Assemelharam a mensagem tantas vezes apregoada pelo poder laranja de que é melhor um deficiente do que um desconhecido e agora só enxergam o deficiente.

Vem esta conversa a propósito da última sondagem da Aximage para o DN e TSF, do corrente mês, que volta a dar uma confortável maioria aos DDT como se fossem governantes perfeitos. Nada afeta eleitoralmente este Governo, nem o desgaste da governação, nem o elevado custo de vida, sobrecarregada com altos impostos, nem a comprovada pobreza dos madeirenses, nem as longas listas de espera para cirurgias, nem a exportação de mão-de-obra qualificada e importação da mesma sem qualificação, nem o desbaratar de dinheiros públicos em obras faraónicas para alimentar a máquina eleitoral, nem as rejeições das propostas da oposição, apenas por arrogância, mesmo aquelas que poderiam contribuir para melhorar as condições de vida da população. Se isto não é uma ditadura consentida pelo povo então Marcelo Caetano não foi um ditador, só falta mesmo um item no Cartão de cidadão com o número de militante do PSD-M. Quase meio século já durou, falta saber por mais quanto tempo os madeirenses irão permitir esta democracia atípica onde uma mentira do partido do Governo vale mais que algumas verdades da oposição. As sondagens da Aximage não foram agradáveis para a oposição, mas devem ter posto também o CDS-M a fazer contas à vida. Mesmo em coligação, certamente que não terão direito à presidência da ALM nem a duas Secretarias regionais.

Temos em mãos(será que temos?) a revisão da Constituição, e vem aí uma oportunidade soberana para os senhores deputados dos dois maiores partidos, que tantas vezes propagandeiam que pretendem mudar o que está mal, não se fiquem apenas pelas habituais guerrinhas de capoeira para que sub-repticiamente tudo fique na mesma. Têm agora a oportunidade de alterar alguns artigos da Justiça que tão mal tem servido os portugueses, quer pela morosidade, pela leveza das penas a aplicar, quer pelos custos que o cidadão tem que suportar para mover um processo em tribunal. A vergonhosa corrupção instalada no sistema terá tendência a diminuir se inverterem o ónus da prova em tribunal para que sejam os prevaricadores a ter de provar de onde lhes vem as faustosas fortunas adquiridas duvidosamente. Retirem as vergonhosa mordomias aos ministros, aos secretários de Estado, aos deputados e aos secretários regionais para que tenham regalias inerentes ao estatuto da Função Pública como têm os políticos dos países mais ricos e evoluídos. Não esqueçam de corrigir a limitação de mandatos do Governo Regional da Madeira, única Região do país que ainda se rege pelo sistema ditatorial. Mudem a lei das finanças das autarquias locais para que a Juntas de Freguesia possam ajudar os seus fregueses mais necessitados. Estas devem ter verbas próprias provindas do Estado e não dependam da boa vontade das Câmaras Municipais que impõem a transferência de competências, mas não transferem verbas para enfrentar os respetivos custos, pois, o Fundo de Financiamento das Freguesias (FFF) é manifestamente curto

para fazer face aos custos inerentes. Mudem, não se fiquem apenas pela discussão par(a)lamentar estéril para empoeirar os olhos da população. Provem que querem mudar este país.

Para memória futura: Há muito que defendo que os lucros excedentes das grandes empresas deveriam ser tributados. A medida foi, finalmente, aprovada em Conselho de Ministros no passado dia 17 do corrente