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Edifício de serviços na zona histórica de Macau distinguido pela UNESCO

Foto DR
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A UNESCO atribuiu ontem um prémio de inovação em construção aos arquitetos Rui Leão e Carlotta Bruni por um edifício de serviços construído na zona antiga de Macau.

O edifício, que junta um depósito de lixo e um posto de transformadores, é um exemplo de "um novo design inovador num contexto de património mundial", de acordo com uma declaração publicada no 'site' da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), que atribui os prémios "Conservação do Património Cultural na Ásia-Pacífico", em Banguecoque.

O projeto "integra-se habilmente num cenário desafiante, num lote urbano apertado, na zona tampão do Centro Histórico do Património Mundial de Macau", em que a nova estrutura "cria uma interação com as casas vizinhas e o espaço público", acrescentou o júri dos prémios, que analisou um total de 50 entradas de 11 países e regiões da região da Ásia-Pacífico.

Rui Leão, também presidente do Conselho Internacional dos Arquitetos de Língua Portuguesa (CIALP), sublinhou que este prémio da UNESCO veio mostrar a importância "de intervir de forma exemplar numa cidade com património mundial", distinguido "por ser notável e excecional".

"Se temos este património e capacidade no passado, também temos que ter essa capacidade atualmente", considerou, em declarações à Lusa.

Afirmando "estar radiante com este prémio", o arquiteto considerou que a distinção "é a confirmação de que Macau consegue produzir arquitetura de exceção em ambiente de património e [este projeto] é um exemplo para demonstrar que é possível inserir novas infraestruturas num contexto histórico sem o desqualificar e, além disso, torná-lo mais interessante e rico".

O arquiteto sublinhou que "é preciso observar, perceber, interpretar e transformar", sendo "também isso que este prémio reconhece".

Trata-se de um sítio "muito qualificado, muito especial [junto do Pátio da Eterna Felicidade], onde se encontram um urbanismo português e um urbanismo chinês", explicou.

"Urbanismos completamente diferentes que colidem um com o outro em diferentes pontos da cidade, por isso fizemos neste projeto um exercício de encontro que mantém a continuidade e o torna extraordinário", disse Rui Leão.

Desde 2000, o programa de Prémios Ásia-Pacífico da UNESCO para a Conservação do Património Cultural tem vindo a reconhecer os esforços de indivíduos e organizações privadas na restauração, conservação e transformação de estruturas e edifícios de valor patrimonial na região.

Os projetos premiados têm demonstrado, até agora, vários critérios de conservação, tais como a articulação do espírito do lugar, realização técnica, utilização ou adaptação adequada, o envolvimento do projeto com a comunidade local, e a contribuição do projeto para melhorar a sustentabilidade do ambiente circundante e não só.