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Protestos contra bloqueios irrompem no Noroeste da China após incêndio fatal

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Foto Reuters

Milhares de pessoas saíram na noite de sexta-feira às ruas de Urumqi, no noroeste da China, para protestar contra as medidas de prevenção epidémica que vigoram há vários meses na cidade, após um incêndio mortal.

Os protestantes culparam o bloqueio da cidade pelo atraso nos esforços de socorro, durante o incêndio que resultou em dez mortos, e apelaram para o fim das restrições.

A estratégia de 'zero casos' de covid-19 da China inclui o bloqueio de bairros e cidades inteiras. Os condomínios são, por vezes, vedados com grades e as portas de acesso trancadas. Imagens difundidas nas redes sociais mostram que o camião dos bombeiros não conseguiu entrar inicialmente no bairro, já que o portão de acesso estava trancado, e que os moradores também não conseguiram escapar do prédio, cuja porta estava bloqueada.

As autoridades negaram hoje algumas das alegações sobre o incêndio, apontando que certas imagens difundidas 'online' de portas trancadas são falsas, de acordo com a agência noticiosa oficial Xinhua. A mesma fonte reconheceu que houve problemas no acesso, pelos bombeiros, mas culpou os carros estacionados em frente ao bairro.

Os protestos junto à sede do Governo da cidade de Urumqi, na província de Xinjiang, juntaram milhares de pessoas e foram amplamente divulgados nas redes sociais chinesas, apesar dos esforços dos censores.

A indignação reflete uma frustração mais ampla na China com a estratégia de 'zero casos' de covid-19, que manteve o vírus sob controlo, durante quase três anos, mas que enfrenta forte pressão face à altamente contagiosa variante Ómicron.

No sábado, o país registou quase 32.000 novos casos -- o terceiro recorde diário consecutivo.

Nas últimas semanas, novos bloqueios restritivos foram implementados em Pequim, Cantão e dezenas de outras cidades menores da China.

Confrontos físicos entre moradores e funcionários de saúde são cada vez mas frequentes. Em meados deste mês, grupos de moradores em Cantão escaparam ao bloqueio dos seus bairros, derrubando um veículo da polícia e barreiras colocadas em torno dos condomínios, levando à intervenção da polícia de choque. Esta semana, milhares de trabalhadores numa fábrica da Foxconn, o grupo que monta os iPhone da norte-americana Apple, entraram em confrontos violentos com agentes de segurança.

Em Pequim, vários moradores saíram também à rua para exigir o fim do bloqueio dos seus bairros.

A Freedom House, uma organização pró-democracia com sede em Washington, disse que registou dezenas de protestos na China relacionados com os bloqueios, nos últimos meses.

A polícia de Urumqi informou na rede social Weibo que prendeu uma mulher por "espalhar boatos" sobre o número de vítimas do incêndio. Uma investigação inicial apurou que o incêndio foi provocado por um curto-circuito, numa extensão elétrica, no quarto de um dos apartamentos do 15.º andar.

Partes de Urumqi, uma metrópole com quatro milhões de habitantes, estão confinadas há vários meses. Mas, depois dos protestos, as autoridades anunciaram que a cidade "reduziu fundamentalmente as transmissões dentro das comunidades para zero" e "restaurou a ordem de vida normal dos residentes em áreas de baixo risco, de maneira gradual e ordenada".