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Líder do Governo dos Açores pede união para ultrapassar conjuntura penosa

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O presidente do Governo dos Açores reconheceu hoje que "nem sempre é fácil conciliar sensibilidades diferentes" com os parceiros, reiterou a "mudança de paradigma" na governação e propôs um trabalho de união para ultrapassar a conjuntura "penosa".

"Proponho trabalharmos unidos, para que este tempo mais difícil seja ultrapassado com menos sofrimento, resolvendo problemas e aproveitando oportunidades", declarou José Manuel Bolieiro, numa intervenção de cerca de 30 minutos no final do debate do Plano e Orçamento da região para 2023, na Assembleia Legislativa, na Horta.

O social-democrata considerou que a atual conjuntura "não encontra paralelo em anteriores períodos de programação da aplicação dos dinheiros públicos", devido às consequências da inflação e da guerra na Ucrânia.

"Tem sido um tempo penoso para tudo. Não podemos resolver tudo num só instante e por decreto. A crise afeta-nos a todos. Todos devemos reagir no combate à crise. É admissível que a uns caiba fazer mais do que a outros e a alguns se justifique ajudar mais", reforçou.

Sobre o Plano e Orçamento para 2023, José Manuel Bolieiro destacou que vai "apoiar os mais frágeis" e a classe média, exemplificando com o reforço dos apoios sociais e a recapitalização do tecido empresarial através da banca de retalho.

José Manuel Bolieiro elencou várias medidas do governo açoriano, como o aumento do complemento ao abono de família, o lançamento do programa "Novos Idosos", a comparticipação a 100% dos painéis solares, o início do programa de manuais escolares digitais, a redução fiscal e a Tarifa Açores (que fixa o preço das viagens entre ilhas a 60 euros).

O chefe do executivo dos Açores realçou ainda que, desde da tomada de posse do Governo, em novembro de 2020, foram colocados "mais de 3.200 açorianos no mercado de trabalho" e que o "número de desempregados inscritos nos Centros de Emprego é o mais baixo dos últimos 12 anos".

Também na região existem "mais 62 médicos no Serviço Regional de Saúde do que há um ano", recordou.

Manifestando-se "orgulhoso" de liderar uma "governação plural e de alternativa" à do PS, José Manuel Bolieiro salientou que a entrada em vigor do Plano e Orçamento para 2023 é "essencial e inadiável para resolver problemas graves, evitar problemas grandiosos e aproveitar oportunidades".

"Nem sempre é fácil conciliar sensibilidades diferentes, visões distintas, opiniões divergentes, mas o diálogo é e tem sido o nosso melhor método para aperfeiçoar ideias iniciais", afirmou, acrescentando que "quem afirma que esta solução de governo está a governar para sobreviver é porque nunca foi capaz de dialogar".

O presidente do Governo dos Açores aludiu também à anterior governação do PS, que "governou em maioria absoluta" com "muita intransigência e arrogância", o que contribuiu para que os "Açores tenham ainda dos piores indicadores sociais do país".

"Hoje, pelo contrário, o que se tem testemunhado é que todos se sentem mais livres para assumirem frontalmente as suas opiniões e manifestarem as suas preferências e as suas discordâncias", assinalou.

Destacando que o Governo Regional está a realizar uma "mudança de paradigma" na saúde, na educação e no combate à pobreza, José Manuel Bolieiro revelou ainda que o executivo vai realizar um estudo para "conhecer o sobrecusto dos cuidados de saúde nos Açores relativamente aos custos padrão" no continente.

Segundo disse, o estudo pretende ser um "útil argumento para a futura revisão da Lei de Finanças das Regiões Autónomas".

"Trabalhamos muito no presente, nem sempre ajudados pelo passado, mas queremos deixar melhor herança para a próxima geração. O tempo vai provar que os Açores estão agora a mudar para melhor", assegurou.

O Orçamento dos Açores para 2023, de cerca de 1,9 mil milhões de euros, começou na segunda-feira a ser debatido no plenário da Assembleia Legislativa Regional.

O atual Governo dos Açores, de coligação PSD/CDS-PP/PPM e com o apoio parlamentar de Chega, IL e deputado independente, tomou posse em novembro de 2020, após 24 anos de governação socialista na região.