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Antologia de Música da Madeira com dois novos volumes

A apresentação destes dois novos volumes acontece amanhã, dia de Santa Cecília, padroeira dos músicos

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A 'Antologia da Música na Madeira' tem dois novos volumes, os números 7 e 8, que, à semelhança dos anteriores, visam promover o património musical histórico da Madeira e os músicos regionais e são editados pela Secretaria Regional de Educação, Ciência e Tecnologia (SRE), através do Conservatório – Escola Profissional das Artes da Madeira. 

Esta antologia abarca a produção musical regional desde o século XVIII ao século XXI. Neste momento, conforme aponta a Secretaria Regional de Educação, estão programados 15 volumes, com um total de cerca de 1.600 páginas de música. "Este projecto constitui, assim, a primeira tentativa de criar uma antologia sistemática e alargada de obras de autores madeirenses, num projecto que é um marco nos estudos musicológicos da Região", aponta a tutela. 

Para os oito volumes já concluídos muito tem contribuído "o trabalho persistente e regular de recuperação de partituras musicais e biografias de músicos da Madeira", sendo que esta antologia acaba por ser "a demonstração daquilo que é possível com boa vontade e a cooperação de um conjunto alargado de pessoas".

Os dois novos volumes, que serão apresentados esta terça-feira, às 11h30, no Salão Nobre do Conservatório, foram coordenados pela antiga aluna do Conservatório, Carolina Meseses João (volume 7) e pelo professor do Conservatório Robert Andres (volume 8), estando já disponíveis para venda online na loja daquela instituição

Segundo Carolina Meneses João, actualmente a residir nos Países Baixos, o volume 7 - 'Música para Canto e Piano', “a colecção de peças para canto e piano que aqui se apresenta, pretende dar a conhecer a versatilidade do repertório vocal ligado à ilha da Madeira entre os séculos IX e XX. Apesar de serem na sua maioria peças compostas por músicos madeirenses , ou que residiram na Madeira, para a prática musical semi-privada (saraus ou para o então em voga Teatro de Revista), temos também algumas peças de carácter sério/religioso e canções ao estilo pastoral da época". 

E adianta ainda que "este volume está assim dividido em três categorias: canções a uma ou duas vozes; canções de Teatro de Revista; e Hinos e Canções Religiosas. Esta divisão deve-se precisamente à necessidade de agrupar estas contrastantes temáticas e caracteres. No que toca à cronologia, são poucas as peças cuja data e lugar de composição são conhecidos, o que me levou a organizar as peças pelo seu contexto histórico". 

Revela a investigadora que "em termos logísticos, dada a natureza mais ligeira e amadora de algumas destas composições, algumas decisões editoriais tiveram de ser feitas de forma a manter a estrutura musical e estilo das peças. Foi necessário adicionar as linhas vocais a muitas das peças, tendo em conta o registo vocal mais lógico, e reajustar a divisão do texto de forma a se tornar mais cantável (ou cantabile).”

Já o autor do volume 8 - 'Música para Piano 2: Obras de João Victor Costa', nota que  "este volume, dedicado à música para piano e piano a quatro mãos de João Victor Costa, tem por base o CD editado pela Numérica (NUM 1168), no âmbito das celebrações do quinto centenário da elevação do Funchal a cidade (2008)". 

Robert Andres refere que "para a selecção das obras neste CD foi-me gentilmente concedida pelo compositor a liberdade da escolha, tanto no sentido da planificação geral como no da escolha das peças concretas, entre as dezenas disponibilizadas, para a configuração das duas suites e da sua organização interna. O principal critério de escolha que utilizei foi a espontaneidade e intensidade da comunicação intelectual e emocional estabelecida pela própria música com o objectivo de, no meu entender, beneficiar tanto a caracterização da música como a atenção do ouvinte". 

"Para além das três obras inspiradas no folclore regional, que constituem os alicerces deste CD e foram o seu pressuposto, escolhi onze miniaturas de inspiração mais abstrata, a seguir organizadas em duas suites com o intuito de lhes proporcionar um enquadramento formal e tonal: cada suite é organizada à volta de um centro tonal e segue a organização formal típica, baseada sobretudo no princípio de contraste", nota. 

"Espantam a variedade e a liberdade do discurso musical: do monólogo mais introvertido, embalado num requintado tecido polifónico subjacente (Meditação) até à forte vitalidade rítmica (Toccata), um apurado sentido de humor musical (3ª Variação do Xaramba, neste caso a retratar o comportamento embriagado) ou até à tragicomédia (4ª Variação do Xaramba, a marcha fúnebre), a linguagem do compositor frequentemente surpreende pelas reviravoltas harmónicas inesperadas, uma certa irreverência perante os “cânones” e estereótipos e pela capacidade de, inesperada e subitamente, oferecer momentos tão raros de serendipidade, ao nos revelar algo sobre as nossas próprias respostas emocionais.", conclui o editor.