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O valor da Paz

Não necessitamos de consultar o valor do índice dos preços publicado pelo Instituto Nacional de Estatística para sabermos que os preços de quase todos os bens estão muito mais altos hoje do que estavam há um ano atrás. Basta irmos ao supermercado e lembrarmos quanto é que costumávamos pagar por um certo produto, verificarmos o preço desse mesmo produto no momento e fazermos as contas para verificarmos quanto aumentou o preço, em termos percentuais, e quase sempre o aumento é superior ao valor da inflação, ou seja, aos cerca de 10% que a inflação é neste momento.

Uma das razões do aumento dos preços é a invasão da Ucrânia pela Federação Russa. Esta invasão teve como consequência uma diminuição da oferta de produtos básicos que vão desde os cereais até aos produtos energéticos. Esta diminuição da oferta levou a um aumento brutal do preço destes produtos, o que por sua vez levou a diminuição da oferta dos produtos que incorporam estes produtos básicos na sua produção, que são quase todos. Assim com a diminuição da oferta de quase todos os bens, mantendo-se a procura, os preços aumentaram na quase totalidade dos bens.

Além disso, a guerra tem destruído cadeias de fornecimento o que aumenta a insegurança energética e alimentar, o que provocaria uma diminuição do nosso bem-estar mesmo que o nosso rendimento real não tivesse diminuído do modo brutal como tem acontecido.

Estando em guerra os países têm de despender mais recursos na produção de armas. Sendo os recursos finitos, irão usar menos recursos na produção de bens como os alimentares, o que irá ser mais uma razão para os preços aumentarem.

O imenso sofrimento humano que a guerra está a provocar na população ucraniana e os ataques russos que visam destruir a capacidade de os ucranianos resistirem ao inverno, afetam negativamente o nosso bem-estar porque nos vemos impotentes perante uma situação que julgávamos ser algo do passado e não repetível em pleno século XXI.

Por isto tudo a Paz tem um valor incalculável que, infelizmente, só nos apercebemos quando a perdemos. Agora que já a perdemos resta-nos cuidar dos mais vulneráveis para que consigam atravessar a crise em que já estamos com a dignidade humana que para todos desejamos.