“Vou-te pagar a casa”

No dia 25.10.2022 saiu a notícia de um novo programa pela Secretaria Regional dos Equipamentos e Infraestrutura (SREI), o “Reequilibrar” [o quê?].

O uso da palavra já em si é economicamente e socialmente perversa. Reequilibrar, quando falada num contexto de apoio do Estado, deveria ser algo para melhorar um pouco mais o bem estar social, como por exemplo, transferindo os rendimentos entre os que mais têm para os que menos têm.

Vamos pelo início, esta febre do mercado imobiliário, que teve o seu início depois da crise da dívida soberana (2011), ao contrário do que se possa imaginar, a população mais pobre (25% [provavelmente mais?]) e a classe média baixa (os próximos

pobres) não serão afetados pela taxa de juro, porque o pouco rendimento que têm é para fazer às suas despesas correntes e pouco ou nada poupam. Portanto sem grandes ambições de comprar nova habitação, e caso tenha crédito à habitação, pagando apenas a prestação já de longa maturidade. Assim só resta a população que consegue poupar e, porventura com aspirações de vender a sua habitação, para comprar uma nova, com vista ajustar a sua vida (normalmente para uma melhor qualidade de vida, isto é, mais despesas).

Num mercado, onde o “compliance” (procedimentos que visam verificar o cumprimento de leis) é dos mais transparentes antes de efetivar o contrato compra e venda. Onde a racionalidade e responsabilidade é sempre exigida, nem que seja pelo simples de facto do montante em causa.

Vem agora o Governo ajudar os irresponsavelmente necessitados, com o dinheiro público [qual?], daqueles que “fazem das tripas coração” para ter de comer e daqueles que poupam os trocos que ficam no final do mês, ou seja, os responsavelmente necessitados para ajudar o status quo de uma parte da população que vive da sua futilidade irracional.

Este apoio torna-se imoral, que não deixa de ser areia para os olhos da população, sejam para os irresponsavelmente necessitados, seja para os responsavelmente necessitados. Para os primeiros não é um apoio que deixarão de entregar ou vender a habitação caso chegue a esse ponto (apoio desperdiçado), para os últimos, continuar aguentar que isto é apenas temporário (a vida também o é!).

Por fim, não é com mais esta mezinha, que trataremos da doença crónica (esgotamento do modelo económico) que esta economia regional padece e os seus sintomas começam a vir ao de cima.

Diogo Barrios