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Ano novinho cheio de conversa velha!

Todos os treinadores de bancada, nos quais estou obviamente incluído, têm uma ideia, uma opinião acerca de tudo e de nada: futebol, religião, política, saúde (vacinar, não vacinar, testar, não testar…)

Entrámos no Ano Novo com uma forte sensação de um “já visto” (“déjà vu”, no original)!

Entramos no terceiro ano de epidemia SARS Cov 2, com o vírus a não dar trégua à conversa intensa protagonizada por uma miríade de “treinadores de bancada” (ou “especialistas”, se preferirem), cada qual com a sua opinião maioritariamente antagónica em relação à opinião do comentador anterior e inversa à do comentador seguinte.

Entramos também num outro período em que muitos outros treinadores de bancada puxam dos seus galões para tentar convencer o Zé Povo a dar-lhes o seu voto (sem nada fazerem para convencer os abstencionistas a votarem).

Entramos num ano que vê um mundo em mudança pela força da Natureza, com as alterações climáticas a puxarem por grandes conferências mundiais, mas a deixar o “já visto”, visto!

Enquanto jovens temos normalmente a melhor das intenções quando lutamos e trabalhamos com esse objectivo muito altruísta - melhorar as condições de vida, de nós próprios e da sociedade em que estamos inseridos, isto é, mudar o mundo!

Quem nunca pensou assim em alguma fase da sua vida?

Na realidade, o que deveríamos tentar fazer seria mudar a sociedade. Claro que é muito mais fácil mudar o mundo (!) do que mudar a sociedade, os seus hábitos, os seus vícios e eventualmente melhorar algumas das suas virtudes.

Cristo trouxe essa mensagem de mudança da sociedade e, passados mais de dois mil anos, ainda hoje a maior pretensão duma grande maioria da humanidade, é mudar o mundo.

O mundo já mudou muito nos últimos milénios mas, se atentarmos bem, a sociedade mantém, em muitos aspectos, a torpeza, a ganância, a prepotência dos mais fortes sobre os menos favorecidos pela fortuna que já vem descrita há muitos milénios em muitos textos bíblicos.

O mundo já mudou, está aliás em constante mudança, o que não significa que a sociedade tenha acompanhado essa evolução, e está cada vez mais a necessitar de mudança para que as mudanças do mundo não levem a resultados que a própria sociedade não está preparada para enfrentar.

Está na altura de sermos ambiciosos e tentar mudar a sociedade, em vez de nos contentarmos em querer mudar o mundo. Este encarrega-se de mudar por si próprio. A sociedade precisa que todos alteremos um pouco a nossa mentalidade.

Todos os treinadores de bancada, nos quais estou obviamente incluído, têm uma ideia, uma opinião acerca de tudo e de nada: futebol, religião, política, saúde (vacinar, não vacinar, testar, não testar…), enfim um bom treinador de bancada (há para aí uns 8 milhões em Portugal) tem de ter mais conhecimento que o dr. Google no seu melhor para poder analisar com a “profundidade” que um assunto sério (qualquer assunto é sério para um treinador de bancada) requer!

Mudar o mundo é menos trabalhoso que mudar a sociedade, é sabido, mas para mudar, seja o mundo, seja a sociedade, todos temos de fazer a nossa parte, por muito pequena que possa parecer, tal como votar, ou ter cuidado consigo e respeito para com os outros, vacinando-se

(há alguns dias vi um pequeno vídeo no qual um cidadão reportando-se como são como um pero, saudável a 200%, recusava a vacina por não necessitar, ao que o entrevistador retorquiu perguntando-lhe se faria sexo desprotegido com alguém que tivesse sífilis ou gonorreia, mesmo sendo são e imunologicamante saudável. A resposta foi não e a conversa acabou por ali!).

E já que o ano novinho em folha vem com mais essa possibilidade, apesar da conversa velha que acompanha o discurso habitual das campanhas, e já que vamos continuar a falar e ouvir falar da epidemia, que tal dar uma mãozinha à sociedade fazendo o que podemos e devemos:

Votar e vacinar-se!

Um Ano muito Feliz para todos!