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Fui ver. É um (bom e caduco) Plano de Nacionalizações…

Confesso!! A política interessa-me, e até tento inteirar-me dos programas eleitorais dos principais partidos. E confesso, também, que um dos programas que mais me surpreendeu – embora não pela positiva – foi o do Bloco de Esquerda.

Com efeito, no plano económico este propõe um “programa nacional de desprivatizações”, expressão – fofinha – que não é mais do que um eufemismo criado para contornar o uso das palavras nacionalização, confisco ou, se preferirmos, roubo institucionalizado.

Em concreto: “O Bloco tem como prioridade a recuperação do controlo público sobre a banca e sobre empresas estratégicas nos transportes e energia. O programa de reversão das privatizações será adequado às condições de cada empresa, negociado com os acionistas no âmbito de um quadro legal adequado, financiado pela emissão de dívida pública e estendido ao longo do tempo necessário para minimizar os riscos e efeitos.”

E embalada nesta frutuosa “negociação” – e sabe-se bem o que isto significa no léxico comunista/trotskista –, financiada por todos nós e pelos nossos impostos – cujo aumento generalizado é a principal/única medida proposta pelo BE para efeitos de financiamento das suas propostas –, os Portugueses voltariam a ser orgulhosamente donos, pelo menos, da ANA, dos CTT, da REN da EDP e da GALP.

E, porque a TAP também “já cá canta”, voltaríamos a ter um Sector Empresarial do Estado “monstruoso”, caracterizado pelo rigor e transparência na gestão, os investimentos produtivos, os quadros de pessoal sem “gorduras” e os lucros consistentes que os Portugueses bem conhecem.

Mas o ímpeto reformista/”desprivatizador” não fica por aqui.

Na verdade, o BE defende ainda que: “A propriedade pública é, assim, uma condição essencial para a transformação do sistema bancário num fator de desenvolvimento da economia e não de acumulação de desequilíbrios macroeconómicos. É por esta razão que o Bloco de Esquerda defende a nacionalização do sistema bancário e a sua recuperação como serviço público.”

Ou seja, inspirado no modelo de sucesso protagonizado por “artistas” como José Sócrates, Armando Vara, Ricardo Salgado, Oliveira e Costa e tantos outros, o BE entende que uma nova mistura/confusão entre o Estado e a Banca constitui o garante da eficiência, transparência e sucesso do sistema financeiro.

Em suma, em matérias económicas o Programa Eleitoral do Bloco assemelha-se ao Programa de Governo do IV Governo Provisório de 1975, só faltando a reforma agrária. E o modelo de desenvolvimento económico baseia-se nos pressupostos da economia Soviética e do PREC.

Enfim…

Seja como for, por muito que estas ideias (quase) medievais possam surpreender aqueles que pretendem que Portugal continue a ser um país moderno e europeu, plenamente inserido no contexto da União Europeia, e não a Venezuela do Ocidente, há que louvar quem tem a coragem de as assumir publicamente perante o eleitorado.

Por um lado, tal confissão permite conhecer em quem estamos a votar, bem como que país podemos esperar/obter caso os mesmos sejam colocados à frente dos destinos da Nação. Por outro lado, ajuda a perceber por que motivo é que Portugal tem vindo a ser sucessivamente ultrapassado pelos países da Europa do Leste, estando em vias de se tornar no país mais pobre e menos desenvolvido da União Europeia.

Enquanto estes países estão definitivamente vacinados contra o vírus do comunismo/trotskismo, e nem querem ouvir falar do respectivo modelo económico, um dos Partidos que tem governado Portugal (ou, pelo menos, condicionado a governação) defende, convictamente, os mesmos…