A ignorância é uma condição que nos é imposta, seja por terceiros seja por nós próprios. Na primeira situação não precisamos de recuar tanto assim no tempo para relembrar o poder decorrente da instrumentalização da ignorância. O analfabetismo limitou gerações e gerações que eram facilmente “educados” segundo o que mais conviesse a quem exercia o poder. “Cozinhar” a educação em lume brando, selecionar bem os “ingredientes”, não abusar nas quantidades e servir em pequenas porções foi a receita de muitos chefs.

A ignorância auto-imposta é igualmente limitativa porque resulta de bloqueios mais ou menos conscientes. Não sentir necessidade de aprender, o não saber ouvir quem partilha o conhecimento são obstáculos reais que impossibilitam que cresçamos, quer no singular quer no plural. O poder da ignorância advém da força motriz que ela impele para que saibamos mais, para que procuremos mais, para que queiramos mais. E as respostas não estão só nos livros, nos jornais, nas televisões, na internet…estão também nas pessoas, muitas delas que têm mais rugas na face e calos nas mãos. Quando esses não estiverem cá para serem ouvidos, observados, questionados, aí sim a ignorância será tal que não saberemos sequer o que verdadeiramente não chegamos a conhecer.