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China pede à Rússia, Irão e Paquistão que tenham "voz comum"

Foto: EPA/STRINGER
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O ministro dos Negócios Estrangeiros da China pediu hoje aos homólogos da Rússia, Irão e Paquistão que adotem uma "voz comum" para enviar um "sinal claro e coerente" que promova uma "transição suave" no Afeganistão.

"O Afeganistão atravessa um período crítico para passar do caos à estabilidade governativa", apontou Wang Yi, durante uma reunião com os seus homólogos, em Duchambé.

"A guerra acabou, mas a nova estrutura política afegã ainda não foi estabelecida. Existem conflitos intrincados, de natureza étnica e religiosa, e há incertezas sobre o seu desenvolvimento", acrescentou.

O diplomata sugeriu aos representantes da Rússia, Irão e Paquistão que reforcem a comunicação e exerçam uma "influência positiva" e desempenhem um papel construtivo no Afeganistão.

"Um governo foi estabelecido no Afeganistão, mas ainda não acabou de formular as suas políticas internas e externas. Devemos respeitar a soberania, independência e integridade afegãs, mas também devemos orientá-los para formar uma estrutura política inclusiva, com políticas moderadas", apontou Wang.

O representante chinês ressaltou que estas políticas devem "respeitar os direitos básicos das minorias étnicas, mulheres e crianças", numa referência à ascensão dos Talibã ao poder, cujo regime anterior - entre 1996 a 2001 - relegava o papel das mulheres a uma interpretação restrita do Islão, proibindo-as de trabalhar ou ir à escola.

"Devemos também pedir aos Estados Unidos que honrem os seus compromissos. Devemos trabalhar com outros países para exigir que Washington aprenda com os seus erros e forneça ajuda económica e humanitária ao Afeganistão", acrescentou o ministro chinês.

Wang Yi também enfatizou a importância de prevenir que forças terroristas se alastrem pela região, apontando que os talibãs se comprometeram "repetidamente" com aquela tarefa.

"Disseram que não vão permitir que nenhuma força use o território afegão para prejudicar os interesses de segurança dos países vizinhos", observou.

"Esperamos que o novo regime afegão honre este compromisso e estabeleça uma linha clara contra as forças terroristas, especialmente aquelas que visam os países vizinhos", destacou.

Wang assegurou que, a longo prazo, os quatro países devem ajudar o Afeganistão a integrar-se nos mecanismos de cooperação regional, para que o país possa criar as suas próprias capacidades de desenvolvimento.

"Tolerância, contraterrorismo, boa vizinhança. Estes são os três pontos mais importantes para que o Afeganistão avance a longo prazo e para que o resto dos países da região salvaguardem os seus legítimos interesses", acrescentou.

O encontro foi realizado na véspera da cimeira entre os líderes dos oito países membros da Organização de Cooperação de Xangai (SCO), em Duchambé, e que abordará a crise no Afeganistão.

A SCO inclui a Índia, Cazaquistão, Quirguistão, Paquistão, Rússia, Tajiquistão, China e Uzbequistão e tem também quatro países observadores: Afeganistão, Bielorrússia, Irão e Mongólia.