Caro padre Rui Sousa, Durante a sua passagem pelo Jardim do Mar, como pároco da freguesia, tive oportunidade de conhece-lo e, conversando, perceber que, mais do que exercer a sua ação evangélica de forma comum, interessava-lhe tornar significativa essa ação, acrescentando valor cultural, social e humano às localidades por onde passava e suas gentes.

A sua intervenção implicava romper com a quietude e o marasmo próprio dos lugares onde se perde massa crítica desencadeada pelo envelhecimento e pelo pensamento único. Ao intervir, implicava mudanças, que nem sempre eram compreendidas, mas dado o arrojo e entusiasmo da sua ação, rapidamente se percebia que as dificuldades não o iriam impedir de concretizar sonhos e obter a adesão às causas, por parte das pessoas.

Sem dúvida que a Quinta Pedagógica dos Prazeres foi o projeto da sua vida, a menina dos olhos, ao qual dedicou tempo, trabalho, pensamento, atenção e até dinheiro para a concretização de um projeto arrojado, arriscado e singular, de forma abnegada, em prol do bem comum, da causa pública.

Foi um dos melhores legados que alguém poderia ter deixado. E eu, como munícipe do concelho da Calheta, sinto um enorme orgulho em dizer que temos um projeto inovador, único no país, promotor da cultura local, de produtos típicos da nossa terra, catalisador de mudanças pela arte, agregador de vontades, transformador de mentalidades, dinamizador de manifestações tradicionais, etc. Este é um projeto maior que extravasou o município e se afirmou no panorama regional. Não obstante a oferta de restaurantes e serviços na freguesia dos Prazeres, a Quinta, a Galeria, a Casa da Sidra, o Herbário, e a Sidraria foram e são motivos, por si bastantes, para projetar e dinamizar a freguesia.

Imagino que se sinta como quem cria um filho e o deixa desenvolver autonomamente, quando atinge a maturidade. O projeto tem pés para andar. Espero que a Quinta Pedagógica continue a crescer sem condicionalismos de espécie alguma e que quem o dirija continue a fazer bem o trabalho que o Sr. Padre iniciou. Haja vontade e visão como a sua.

Muito obrigada, Sr. Padre Rui Sousa