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China critica retirada dos EUA do Afeganistão mas espera trabalho conjunto

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A "retirada precipitada" das tropas norte-americanas do Afeganistão teve um "sério impacto negativo" sobre o país, apontou hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, ressalvando estar "disposto" a dialogar com Washington para gerir a situação.

O comunicado emitido pelo ministério cita uma conversa por telefone entre o ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, e o secretário de Estado norte-americano, Anthony Blinken.

De acordo com o texto, Wang frisou que a China está "disposta a comunicar e dialogar com os Estados Unidos para promover uma abordagem suave na questão afegã, visando evitar nova guerra civil ou um desastre humanitário, e para que o país não se converta num viveiro e refúgio para o terrorismo".

Wang indicou que Pequim vai tentar "encorajar os afegãos a estabelecer um país aberto, de acordo com as condições nacionais, e com uma estrutura política inclusiva".

"Os factos revelam, mais uma vez, que é difícil afirmar, por meio da imposição, modelos estrangeiros em países com história, cultura e condições nacionais diferentes", observou Wang Yi.

Aquele argumento é frequentemente utilizado pela diplomacia chinesa para refutar acusações sobre o caráter totalitário do regime chinês e violações dos direitos humanos no país.

"Um regime não pode durar sem o apoio do povo", declarou o ministro chinês, acrescentando que "resolver os problemas pela força e por meios militares só aumenta os problemas".

"Devemos refletir seriamente sobre este ensinamento", realçou.

No que diz respeito às relações entre os dois países - que se deterioraram desde a presidência de Donald Trump (2017-2021) - a China acredita que o caminho certo é "encontrar uma forma de as duas grandes potências coexistirem pacificamente".

O Departamento de Estado dos Estados Unidos emitiu uma declaração sucinta, na qual indicou que Blinken e Wang "falaram sobre os acontecimentos no Afeganistão, incluindo a questão da segurança" e os esforços de ambos os países para garantir a segurança dos respetivos cidadãos.