Patrocinado Ordem dos Engenheiros Técnicos . Secção Regional da Madeira

Para onde vai o lixo?

No ano de 2020, cada madeirense produziu em média 3Kg/dia de resíduos sólidos.

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Todos nós produzimos resíduos. No entanto, na nossa azáfama diária não é fácil nos apercebermos nem termos consciência da dimensão e da quantidade de lixo que descartamos.

Dados relativos ao ano de 2020 indicam que a Região Autónoma da Madeira (RAM) produziu nesse ano 285.774 toneladas de resíduos sólidos. Olhando para estes números, facilmente se percebe que este número equivale a mais de uma tonelada produzida por cada habitante. Para ser mais preciso, no ano de 2020, cada madeirense produziu em média 3Kg/dia de resíduos sólidos.

Então, para onde vai todo este lixo?

É aqui que entra a engenharia que objetiva encontrar soluções para os desafios da sociedade. A gestão de resíduos sólidos é uma das áreas da Engenharia do Ambiente e, felizmente, são inúmeras as soluções que hoje em dia estão disponíveis para que seja possível olhar para os resíduos de uma forma inovadora e ambientalmente segura.

Uma das técnicas mais utilizadas em todo o mundo é a valorização energética. Esta técnica é útil nos resíduos que não podem ser reciclados, mas que podem ser utilizados como combustível para produzir energia elétrica. Em 2020 na RAM, aproximadamente 44% dos resíduos sólidos foram encaminhados para incineração e consequente produção de energia elétrica. Os restantes resíduos seguiram outros caminhos como a reciclagem, valorização orgânica, produção de estilha, deposição, etc.

É necessário sublinhar que o maior interveniente em todo este processo é o cidadão. Somos nós que estamos no início do ciclo dos resíduos sólidos, tendo a responsabilidade de Reduzir, Reutilizar e Reciclar, sendo também nosso dever separá-los devidamente para que possam ter o destino mais adequado.

A separação dos resíduos sólidos tem o seu início nas nossas casas, onde devemos ter um contentor adequado a cada resíduo: Um contentor amarelo onde vamos depositar embalagens de plástico e de metal; um contentor verde, para colocar vidro e um contentor azul para papel e cartão. Separe sempre, mesmo em caso de dúvida do ecoponto em que deve colocar, pois a recolha dos resíduos separados é encaminhada para Estações de Triagem, onde é realizada a separação definitiva por tipo de material para encaminhamento para reciclagem, e caso o resíduo não seja reciclável é separado e segue o destino apropriado.

Os resíduos que não se enquadrem nas categorias referidas, normalmente designado por “lixo normal” devem ser colocados no contentor de resíduos indiferenciados, e esses têm como destino a incineração ou a deposição em aterro, não tendo passos intermédios de separação, portanto deverão ser deitados no contentor indiferenciado unicamente os resíduos que não têm como ser reciclados.

Compostagem

Uma forma de aliviar a pressão do sistema de gestão de resíduos sólidos é utilizarmos a compostagem. Esta consiste num processo biológico em que os microrganismos transformam a matéria orgânica (folhas, papel, restos de fruta, cascas e restos de legumes, etc) numa substância semelhante ao solo, à qual chamamos de composto.

Este composto é rico em nutrientes e melhora o crescimento das plantas, relvados e jardins, flores e pode ser utilizado como fertilizante natural.

Caso tenha um pequeno terreno, informe-se sobre como funciona um compostor e de que forma pode obter ou mesmo criar o seu. É uma das melhores soluções domésticas para a redução de lixo orgânico.

Toalhitas descartáveis – um verdadeiro pesadelo!

Para terminar esta intervenção, encontro-me no dever profissional de abordar o tema das toalhitas descartáveis que cada vez mais utilizamos. Embora sejam muito práticas para o nosso dia-a-dia, são normalmente constituídas por fibras plásticas não biodegradáveis e normalmente estão impregnadas num líquido que às humedece, mas tornando-as tóxicas e muito poluentes.

De um modo geral, a população está a descartar estas toalhitas pelas suas sanitas, provocando um grande impacto negativo nos efluentes gerados, tanto a nível de composição química da água, mas também em termos mecânicos, onde as toalhitas entopem e danificam tubagens e até órgãos das Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR).

Sempre que possível evite a utilização destas toalhitas, substituindo-as por papel higiénico ou, no caso das toalhitas desmaquilhantes, por um pano de microfibra reutilizável. Em todo o caso, após a sua utilização nunca às deite na sanita. Deposite-as no seu contentor de resíduos indiferenciados.

Artigo escrito pelo Engenheiro Técnico do Ambiente Décio Alves

https://www.oet.pt