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Militares de Myanmar atropelam manifestantes, pelo menos três feridos

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Militares avançaram com uma viatura sobre manifestantes pró-democracia hoje, em Rangum, Myanmar, e pelo menos três pessoas ficaram feridas, disseram testemunhas que estavam no local, citadas pela agência de notícias France-Presse (AFP).

A agência Associated Press fala em três pessoas mortas, na sequência do atropelamento, citando uma testemunha, da organização da manifestação.

Uma junta militar tomou o poder em Myanmar (antiga Birmânia) em fevereiro deste ano e, desde então, tem havido manifestações regulares no país de oposição ao novo regime, que são sistematicamente reprimidas.

Hoje de manhã um grupo juntou-se numa rua comercial da cidade de Rangum, exibindo uma faixa com a frase "libertem-se do medo", enquanto gritava "entreguem o poder ao povo", segundo as testemunhas.

Uma viatura de grandes dimensões avançou sobre os manifestantes.

"Aceleraram quando se aproximaram dos manifestantes e avançaram de encontro a eles", disse uma testemunha à AFP, que pediu anonimato.

Segundo o mesmo relato, os militares saíram a seguir da viatura "e começaram a disparar".

Uma outra testemunha disse, também à AFP, ter visto um homem coberto de sangue, num estado aparentemente grave, que com outros dois feridos, um deles jornalista local que fazia a cobertura da manifestação, e foram levados numa ambulância.

A televisão pública, MRTV, noticiou que as forças de segurança "agiram" contra manifestantes, sem mencionar a utilização de uma viatura para atropelar quem estava no protesto.

A MRTV confirmou que três pessoas ficaram feridas, uma delas em estado grave, e que 11 foram detidas "por se terem manifestado sem pedir autorização".

Desde o golpe de Estado militar de 01 de fevereiro mais de 1.300 manifestantes foram mortos pelas autoridades durante protestos no país, de acordo com a Associação de Apoio a Presos Políticos.

Por outro lado, deputados dos países da ASEAN (Associação dos Países do Sudeste Asiático) disseram no passado dia 02 de dezembro que aumentou a pressão sobre a oposição e que, pelo menos, 90 deputados encontram-se presos ou sob regime de prisão domiciliária.

De acordo com um relatório apresentado pelo grupo de defesa de direitos humanos constituído por deputados dos países da ASEAN, "muitos outros" políticos e parlamentares fugiram.

No mesmo dia, a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) afirmou que o massacre de 65 manifestantes em Rangum no passado dia 14 de março foi "planeado e premeditado" e pediu para que os responsáveis sejam julgados.

Os militares, que impuseram a Lei Marcial após os atos de violência de 14 de março, descreveram na altura os manifestantes como "arruaceiros" que provocaram incêndios e impediram o trabalho dos bombeiros.

A HRW assinala que não ocorreu nenhuma ação por parte dos manifestantes contra as forças de segurança.

Até ao momento, os militares no poder em Myanmar (antiga Birmânia) ainda não responderam à acusação da Human Rights Watch.

A investigadora Manny Maung, da HRW, disse à Associated Press que as forças de segurança cometeram atos que "constituem crimes contra a humanidade".