Madeira

TAP vai sacrificar voos de e para a Madeira

Segundo a consultora SkyExpert, em 2022, a companhia aérea "deixará de ter aviões para operar no Porto" e "reduzirá ligações para as ilhas"

Foto Arquivo/Rui Silva/Aspress
Foto Arquivo/Rui Silva/Aspress

Os voos para o Aeroporto da Madeira e o abandono definitivo da rota do Porto Santo deverão ser algumas das medidas que a TAP irá adoptar para se adaptar à perda de 'slots' no Aeroporto de Lisboa, passando a ser cada vez mais uma companhia centrada na capital e nos interesses a esta ligada e menos uma companhia de bandeira nacional, prejudicando inclusive o segundo maior aeroporto português, o Francisco Sá Carneiro, no Porto.

Estas são algumas das conclusões da SkyExpert, "empresa de consultoria especializada em transporte aéreo, aeroportos e turismo", que "fez as contas" e garante que "o plano aprovado pela Comissão Europeia permite à TAP manter 94 aviões (em vez dos anteriores 108) e obriga a companhia a abdicar de 18 pares de 'slots' – faixas horárias de aterragem e descolagem sem as quais não existem voos – no aeroporto de Lisboa".

Ou seja, "a frota manterá uma redução de cerca de 12% e os 'slots' na Portela reduzirão em apenas 5% - e isso só a partir de Novembro de 2022", lembra. "Até lá, as actuais regras europeias de aliviamento dos 'slots', permitem que a TAP mantenha o status quo relativamente à desproporcionalidade entre a redução da frota já efetuada e os 'slots' ainda detidos...mas, e depois?", questiona.

“A TAP não terá frota suficiente para os slots que tem”, afirma Pedro Castro, fundador e director da SkyExpert. Recordam as declarações públicas da CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, "logo a seguir à decisão de Bruxelas ser comunicada". "Temos de ter cuidado para não diluir ou correr riscos naquele que é o nosso principal activo (aeroporto de Lisboa)”, citam.

As declarações da CEO "significam que a TAP está consciente que não terá frota suficiente para os 'slots' que detém e que já sabe onde vai sacrificar a sua operação: “desde logo, os 18 'slots' que terá de abandonar em Lisboa a partir de Novembro de 2022 não chegam. E como o objectivo é proteger a posição dominante da companhia na Portela, a única solução será retirar os aviões dos voos de outras rotas fora da base de Lisboa – actualmente, apenas os voos directos entre Porto-Madeira, Porto-Açores e Porto-Europa/Intercontinental não usam 'slots' relacionados com Lisboa. Essas rotas serão sacrificadas e a presença da TAP no Porto, Funchal ou Ponta Delgada passará a ser semelhante à que Faro tem há décadas: 2-3 voos diários apenas para Lisboa com o objectivo principal ou único de alimentar Lisboa com passageiros para outros destinos", diz Pedro Castro.

"Aliás, para além de Faro, é notória já a redução de destinos Europeus à partida do Porto e é igualmente notório que a TAP prefere deixar de servir uma rota doméstica como Porto Santo do que deixar de voar para destinos internacionais como as estâncias balneares de Fuerteventura nas Canárias ou Agadir em Marrocos, deixando a Ilha Portuguesa sem qualquer voo directo para o Continente", simplifica a explicação.

Em conclusão, refere, que "este tipo de operação não beneficia o País como um todo, mas não é essa a agenda comercial da TAP; essa foi apenas a agenda política comunicada para permitir justificar o financiamento público do Estado e para receber o aval de Bruxelas”.

Esta decisão de abandonar o Porto Santo já tinha sido comunicada e efectivada pela própria CEO da TAP.

Presidente da TAP diz que não é possível operar a rota do Porto Santo no próximo Inverno

A presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, anunciou hoje, no parlamento, que a companhia aérea vai operar voos do Porto para Nova Iorque e para o Brasil, no inverno.

Recorde-se também que a TAP deixou de ser líder no Aeroporto da Madeira, onde dominou durante anos, posição perdida para a companhia easyJet.

easyJet transportou 5,7 milhões de passageiros para a Madeira

A easyJet cresceu neste ano 46%, face a 2019, na operação da Madeira. Ao longo dos anos, a companhia transportou 5,7 milhões de passageiros para a Região.