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Comunicação sobre vacinação das crianças é importante

Foto: MIGUEL A. LOPES/LUSA
Foto: MIGUEL A. LOPES/LUSA

O diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa defendeu hoje ser importante haver "um esforço de comunicação" sobre a vacinação das crianças contra a covid-19 para criar confiança na população, defendendo que "a vacina é segura".

"É muito importante a forma como é comunicado (...) porque um dos aspetos essenciais na comunicação em saúde é o criar confiança às populações, isso independentemente de toda a evidência que possa existir", disse à agência Lusa Fausto Pinto, no dia em que a Direção-Geral da Saúde (DGS) divulgou o calendário de vacinação das crianças dos 5 aos 11 anos.

Neste momento, salientou, a informação científica já comprovada em vários estudos e em milhões de crianças já vacinadas é que a vacina contra a covid-19 "é segura e deve ser administrada".

"Portanto, não há do ponto de vista científico qualquer dúvida em relação a isso neste momento, o problema é quando se mistura um pouco a parte política ou a parte emocional, que eu percebo", disse o também presidente da Federação Mundial do Coração, à margem da cerimónia do lançamento do livro "Toca a mexer", na Faculdade de Medicina de Lisboa.

"É natural que as pessoas se questionem como se podem questionar se eu disser que a pessoa precisa de um transplante ou de uma amputação a pessoa também se questiona: 'será que preciso mesmo'?. Daí, de facto, é importante haver um esforço de comunicação", sustentou.

Segundo o médico cardiologista, as vacinas têm "um impacto significativo" na saúde das crianças e na saúde da comunidade.

"Estamos perante uma pandemia que precisa de uma resposta completa", defendeu, alertando que, além da indicação de vacinas para os adultos e para as crianças, é preciso que sejam distribuídas a nível global como tem insistido a Organização Mundial da Saúde para acabar com a "assimetria grande" que existe entre países de renda elevada e de renda mais baixa, sobretudo em África, o que torna "a situação complexa e difícil".

Neste momento, defendeu, a "prioridade número um" é a vacinação maciça o mais distribuída possível, começando pelas crianças e terminando nos adultos.

"A comunidade científica de uma forma geral é consensual em relação a isto", salientou.

Quanto às dúvidas que possam existir sobre a sua segurança, Fausto Pinto afirmou que "nunca houve na história da humanidade medicamento mais testado do que as vacinas".

"Eu ouço às vezes dizer que há falta de dados ou falta de informação. Não, nunca houve nada tão testado e com tantos dados como hoje temos em relação às vacinas" que são "a única forma" de proteger a população.

A DGS recomenda a administração da vacina nas idades entre os 5 e os 11 anos, com prioridade para as crianças que tenham doenças de risco.

Em Portugal há 640 mil crianças elegíveis neste grupo etário que podem agora ser vacinadas com a dose da vacina, mas na versão pediátrica.