As fantasias de Ventura com ditadores

No congresso a que o TC forçou o Chega depois de mais de 1 ano na ilegalidade porque os seus dirigentes nem os estatutos que eles próprios aprovaram foram capazes de cumprir bem como nas últimas entrevistas, André Ventura (AV) insistiu nas suas atuais, e digo atuais porque é provável que mudem o que não seria novidade, fantasias políticas com ditadores. Ao invocar o nome de Deus em vão, para tentar convencer um ou outro católico saudosista do Estado Novo, incorre num pecado grave segundo a doutrina católica que AV diz professar, até porque essa invocação é logo renegada pela prática sistemática da saudação fascista, também utilizada pelos nazis para saudar o líder do holocausto. De igual modo a sua preferência por citar frases de ditadores como Salazar e Estaline dá-nos a entender que AV professa um ideário político, seja ele qual for, que preza as ideias políticas desses ditadores. Ao contrário do que AV pretende fazer-nos crer quando recorre à saudação fascista e a essas citações está a colocar-se no mesmo patamar desses ditadores e a revelar a sua admiração pelos mesmos os quais, descontando os antagonismos políticos, coincidiram nos crimes contra a humanidade praticados nos respetivos regimes através da supressão da liberdade, perseguições, prisões arbitrárias, julgamentos fantoches por tribunais em que a Lei e a Justiça eram aviltadas e subjugadas como sempre acontece em qualquer ditadura, chegando nalguns casos ao extermínio em massa de pessoas, homens, mulheres e crianças como nós. Por isso quando AV diz que é contra o sistema talvez queira dizer que é contra o sistema democrático.

Para já não passam de fantasias de quem é capaz de desdizer hoje tudo o que disse ontem, até o que defendeu nas suas teses de doutoramento. Cabe aos portugueses evitar que tais fantasias se tornem pesadelos como já aconteceu no passado, não permitindo ao Chega mais do que os votos dos que comungam das fantasias de AV com ditadores.

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