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Parlamento Europeu discute hoje investigação 'Pandora Papers'

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Foto AFP

O Parlamento Europeu decidiu hoje promover, na quarta-feira à tarde, uma discussão sobre a investigação jornalística intitulada 'Pandora Papers', que revelou informação financeira, como contas em paraísos fiscais, de 330 políticos em mais de 90 países e territórios.

O anúncio foi feito pelo porta-voz da assembleia europeia, Jaume Duch, que num encontro com jornalistas antes da sessão plenária, na cidade francesa de Estrasburgo, indicou que as informações vindas a público no domingo à noite estarão em debate no Parlamento Europeu na próxima quarta-feira, pelas 15:00 locais (14:00 em Lisboa).

Na ocasião, os eurodeputados irão discutir as revelações dos 'Pandora Papers' com o Conselho e a Comissão.

Esta tarde, no arranque da sessão plenária, a primeira vice-presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, confirmou que a "agenda foi adotada", incluindo então este debate.

Roberta Metsola estava em substituição do presidente da assembleia europeia, David Sassoli, que se encontra a recuperar de uma pneumonia em casa, em Itália, de acordo com o porta-voz Jaume Duch.

O Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação publicou no domingo um novo trabalho no qual revela que 14 líderes mundiais no ativo esconderam fortunas de milhares de milhões de dólares para não pagarem impostos.

A este número juntam-se 21 líderes que já não estão no poder e que também ocultaram propriedades e rendimentos.

A nova investigação do consórcio (ICIJ, na sigla em inglês), nomeada "Pandora Papers", põe a descoberto os segredos financeiros daqueles 35 líderes mundiais (atuais e antigos) e de mais de 330 políticos e funcionários públicos, de 91 países e territórios, entre os quais Portugal.

Segundo o jornal Expresso, que faz parte do consórcio, há três portugueses envolvidos: os antigos ministros Nuno Morais Sarmento e Manuel Pinho e o advogado e antigo deputado socialista Vitalino Canas.

Entre os nomes referidos na investigação, estão o Rei Abdallah II da Jordânia, o primeiro-ministro da República Checa, Andrej Babis, e o Presidente do Equador, Guillermo Lasso, revela a investigação, publicada em órgãos de informação como The Washington Post, BBC e The Guardian.

A investigação revela ainda novos detalhes sobre importantes doadores estrangeiros do Partido Conservador do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e detalha atividades financeiras questionáveis do "ministro oficioso de propaganda" do Presidente russo, Vladimir Putin.

O círculo próximo do primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan, é denunciado por ter escondido milhões de dólares em empresas e entidades externas.

Também o Presidente queniano, Uhuru Kenyatta, e seis membros da sua família são denunciados por deterem, em segredo, pelo menos 11 empresas no estrangeiro, uma das quais avaliada em 30 milhões de dólares.

O ICIJ diz ter baseado a sua investigação numa "fuga sem precedentes", envolvendo cerca de dois milhões de documentos, trabalhados por 600 jornalistas, a "maior parceria da história do jornalismo".