É mais barato o cuidado que o reparo

Não pretendo "meter foice em seara alheia", nem tenho a presunção de pensar que posso mudar ou alterar o que quer que seja em áreas que não domino. No entanto, como qualquer cidadã e ao abrigo do Art.°11.° da Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia, permito-me fazer alguma observação perante alguma situação que me possa causar apreensão e inquietação . Não vou pessoalizar porque não é relevante, mas segundo me é dado saber, por dados recolhidos aleatoriamente, há um coro razoável de reclamações que vai no mesmo sentido. Não há problemas sem soluções, mesmo que não seja fácil a sua resolução.

Estamos em Porto Santo, talvez a localidade da Região ou do país com um maior rácio de médico de família por habitante. Temos um Centro de Saúde onde me parece não haver déficit de recursos humanos, desde médicos, enfermeiros, assistentes operacionais, administrativos... Gratos por isso. Há outras falhas, mas isso não vem agora ao caso. Porém não se sabe muito bem porquê há médicos de família (pelo menos um) com sobrecarga de trabalho, de tal modo que não tem vaga para consulta e com uma lista de espera já extensa. Há consultas agendadas, sistematicamente canceladas e ou adiadas por tempo indeterminado. Os utentes ficam pendentes da notificação do Centro de Saúde que tarda em chegar.

Note-se: não está em causa o desempenho profissional do médico. Apenas a sua pouca disponibilidade para atender em consultório todos os utentes/doentes que lhe foram atribuídos.

Não viria daqui nenhum mal ao mundo, não fora haver análises e exames complementares de diagnóstico feitos a requererem ser vistos com a maior brevidade. Por norma, estamos impedidos de mostrá-los numa consulta de urgência.

É uma situação insustentável, geradora de muita ansiedade e algum desespero até. Não se pode recorrer à medicina privada, de clínica geral ou da especialidade pois é quase inexistente. Ainda que houvesse nem todos podem a ela aceder e com muito maior dificuldade se tiver de deslocar-se à Madeira.

Quem de direito possa encontrar a solução adequada, viável para médico e doentes, de modo a que a normalidade seja reposta.

Porque há doenças que não devem/podem esperar, não se compadecem com estes acidentes de percurso e se podem agravar no tempo.

É sempre mais barato cuidar, do que curar.

Por uma boa saúde para todos, nós agradecemos.

Madalena Castro