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Moratórias de crédito permitem suspender pagamento de 11 mil milhões de euros

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As moratórias do crédito bancário lançadas no âmbito da pandemia de covid-19 permitem suspender o pagamento de 11 mil milhões de euros, disse o governador do Banco de Portugal (BdP).

"A nossa estimativa é que o conjunto de pagamentos aos bancos que deixará de ser feito até setembro de 2021 é de 11 mil milhões de euros", afirmou Mário Centeno no programa "Grande entrevista" da RTP, emitido na quarta-feira.

Questionado sobre os riscos que estas moratórias poderão acarretar no futuro, o antigo ministro das Finanças e governador do BdP sublinhou que as moratórias não são um perdão de dívida e que o risco que poderão ter é de, quando terminarem se estar perante "uma realidade de [crédito] malparado".

"Na verdade do que estamos a falar é de projetos empresariais e familiares e estamos a adiar este pagamento que devia ocorrer entre março de 2020 e setembro de 2021 para a frente", referiu Centeno, para acrescentar ser necessário acompanhar a capacidade de estes projetos "voltarem a fazer face às suas responsabilidades a partir de setembro".

Neste contexto, precisou que os indicadores existentes dão conta de que as empresas com moratórias, dispõem de depósitos no sistema bancário no valor de 20% do crédito em moratória, ou seja, existe uma 'almofada financeira'.

Mário Centeno referiu que, depois da interrupção de 2020, Portugal deve reiniciar a trajetória de descida da dívida pública e precisou que no ano passado a 'almofada' que esteve à disposição da recuperação da crise foi, essencialmente, a da dívida pública.

Em setembro passado, o Governo decidiu prolongar por mais seis meses, até 30 de setembro de 2021, o prazo das moratórias de crédito às famílias e, em dezembro, aprovou uma alteração ao regime, permitindo novas adesões até 31 de março de 2021.

O sistema bancário nacional concedeu um total de 46 mil milhões de euros em moratórias de crédito até setembro do ano passado, ao abrigo dos sistemas implementados na sequência da pandemia de covid-19, de acordo com dados do Banco de Portugal (BdP).

Os dados do supervisor bancário, divulgados na sexta-feira, indicavam que dos 46 mil milhões de euros, 24,4 mil milhões de euros dizem respeito a empresas (sociedades não financeiras, na designação técnica) e 21,6 mil milhões de euros às famílias.

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