Madeira

Susana Prada "deturpou a realidade" da carreira especial de vigilantes da natureza

Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas (STFPSSRA) arrasa secretária regional do Ambiente

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Força sindical diz que esta "não é uma carreira que o Governo Regional queira valorizar" tendo em conta a proposta apresentada e as declarações proferidas na Assembleia Legislativa da Madeira

Susana Prada apresentou ontem, na Assembleia Legislativa da Madeira, a nova carreira especial para o corpo de vigilantes da natureza. Sobre a discussão, vem agora o Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas (STFPSSRA) afirmar que a governante “deturpou a realidade e as declarações prestadas não correspondem à verdade”, pelo que veiculou na casa da democracia madeirense “é enganador e revelador”.

Para estes dirigentes sindicais, a secretária regional do Ambiente, Recursos Naturais e Alterações Climáticas mostrou “desonestidade intelectual” quando afirmou que "um vigilante da natureza ganha, no topo da carreira, o mesmo que um professor universitário recém doutorado".

Na Região Autónoma da Madeira não há vigilantes no topo da carreira. E têm milhares de horas de trabalho ao sol e à chuva, milhares de dias de trabalho passados nas ilhas, muitos deles sem conseguirem voltar a casa por causa do mau tempo ou falta de condições de navegação. Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas (STFPSSRA)

"Era sobre esta tabela que Susana Prada devia ter falado! A sua consulta é reveladora da falsidade das suas afirmações. Mas não é falso quando afirmamos que um vigilante ganha pouco acima do salário mínimo! Para subir de nível é preciso obter 10 pontos na avaliação. 75% dos trabalhadores tem 1 ponto por ano, logo, são 10 anos para passar ao nível seguinte. É só fazer as contas e perceber quantos anos demora a chegar ao topo da carreira!", acusa ainda o STFPSSRA.

O facto de Susana Prada ter ainda afirmado, na ALM, que "todos querem ir para as Desertas e para as Selvagens" e que "até há briga" quando é "preciso fazer escalas" revela que a governante “não sabe que nenhum vigilante se pode esquivar ao trabalho ou às funções que lhes estão atribuídas e as ilhas fazem parte delas”.

“E como se organiza um trabalho que é feito em 365 dias por ano, sem escalas? E os vigilantes da natureza apresentam-se ao serviço 365 dias por ano - não falham 1 só dia! Dizer que ao vencimento mensal acresce o subsídio de risco e o subsídio de penosidade, nos dias em que exercem funções é tão só deturpador do seu sentido de justiça!”, reforçou ainda a força sindical, prosseguindo nas observações.

O suplemento de penosidade, é um direito de todo e qualquer funcionário do IFCN que esteja deslocado - e só nestas circunstâncias -, nas Desertas ou nas Selvagens. O suplemento de risco é um direito exclusivo dos Vigilantes da Natureza! Este suplemento faz parte da remuneração dos Vigilantes da Natureza desde 1993 e está estagnado há mais de 20 anos, ainda do tempo do escudo. O suplemento de penosidade existe para minimizar a forma penosa com que os funcionários do IFCN suportam os longos períodos em que estão deslocados (2 ou 3 semanas); em que são obrigados a ficar isolados, afastados da família, da vida social; em que suportam as atividades que envolvem grande esforço físico e psíquico; em que suportam as condições dramáticas com que se realiza a viagem para as Selvagens e em que, não raras vezes, ficam cativos por períodos superiores por não haver condições de navegação para os irem buscar e fazer a sua rendição. Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas (STFPSSRA)

Alegando “inconstitucionalidade da proposta apresentada”, o STFPSSRA defende que “a idade de reforma para todos os trabalhadores é aos 60 anos de idade ou 40 de funções”.

“Não sendo excepção, na Madeira a proposta foi apresentada. Caberia ao Governo recusá-la, como fez a tantas outras. Se enviou tal proposta à Assembleia Legislativa Regional é porque a considerou justa e exequível. Pena que não lute para que seja uma realidade”, observam.

Dos cargos de coordenação, "o sindicato contestou e não deu acordo à criação destes dois cargos, que mais não resultam senão na supressão de uma terceira categoria. A proposta apresentada foi exactamente no sentido oposto, pois contemplava a criação de três categorias, ficando a terceira com as competências de coordenação, o que o Governo Regional rejeitou".

Quanto ao combate a incêndios, os sindicalistas indagam a forma de fazê-lo "quando apenas estão atribuídas duas viaturas ligeiras aos vigilantes da natureza".

"Impõe-se que responda como e com que meios é que este combate se pode realizar? E o porquê de ter sido expresso que os vigilantes da natureza têm de fazer combate a incêndios. Nem a “primeira intervenção e combate inicial” será possível efectuar ou sequer começar, por falta de meios", acusam.

Falar de 11 viaturas disponíveis é só desonestidade! As 11 viaturas a que se referiu Susana Prada estão ao serviço do Corpo da Guarda Florestal e não do de Vigilantes da Natureza. O que consta - e é pelos corredores -, é que serão entregues aos Vigilantes da Natureza algumas das viaturas que estavam ao serviço da Guarda Florestal, das que já estarão com centenas de quilómetros e com um currículo invejável de avarias. Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas (STFPSSRA)

Em jeito de remate final, o sindicato afirma ainda que "da contratação de oito vigilantes da natureza", Susana Prada "diz que está prevista, mas também o diz sobre a contratação de Guardas Florestais ou de Sapadores Florestais".

"Falta mesmo é passar da palavra ao acto e mandar publicar os concursos. Enquanto isso não acontecer não vai passar do "diz-que-disse"... E palavras, leva-as o... É esta a consideração que a Secretaria Regional tem pelo corpo de vigilantes da natureza. E, sim, esta não é uma carreira que o Governo Regional queira valorizar".

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