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Turquia e Grécia confirmam tensão e vão realizar manobras militares simultâneas

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A Turquia anunciou hoje que vai realizar manobras militares marítimas na terça-feira a cerca de 100 quilómetros ao sul da ilha de Creta, coincidindo com outras manobras anunciadas previamente pela Grécia, elevando a tensão entre os dois países.

"Navios de guerra da Turquia e dos países aliados vão realizar práticas marítimas duais", lê-se no anúncio feito pela Marinha turca aos viajantes marítimos da região, e que a imprensa interpretou como sendo "uma resposta à Grécia", segundo a agência EFE.

De acordo com a informação transmitida, as manobras serão realizadas a cerca de 100 quilómetros de Creta, numa área de 6.400 quilómetros quadrados.

A Grécia anunciou hoje que fará manobras na terça e quarta-feira numa ampla zona perto das suas ilhas, tendo recebido do Ministério da Defesa da Turquia a resposta de que esta atividade "não está de acordo com as boas relações entre vizinhos nem com as regras marítimas".

A descoberta nos últimos anos de importantes jazidas de gás no Mediterrâneo Oriental suscitou o interesse dos países costeiros e tensões entre a Grécia e a Turquia, que disputam algumas zonas marítimas.

Num incidente que ilustra essa tensão, um navio grego e um navio turco colidiram na semana passada numa zona reivindicada pela Grécia para a qual a Turquia enviou navios de guerra, segundo fonte militar grega.

O parlamento grego tinha previsto iniciar hoje o processo de ratificação de um acordo assinado pela Grécia e o Egito, estabelecendo as zonas marítimas exclusivas de ambos os países, delimitação que a Turquia não reconhece por incluir zonas que reclama como suas.

O acordo fez aumentar a tensão entre Atenas e Ancara e, em resposta, a Turquia retomou as explorações de gás numa zona onde as tinha suspendido na sequência de uma mediação liderada pela chanceler alemã, Angela Merkel.

O chefe da diplomacia alemã, atual presidente do Conselho de Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE), vai na terça-feira a Atenas e a Ancara para abordar a escalada de tensão provocada pela exploração de gás no Mediterrâneo Oriental.

"É necessário a Alemanha manter o diálogo com as duas partes", porque "o objetivo é que Grécia e Turquia resolvam os seus diferendos diretamente uma com a outra", disse à imprensa o porta-voz do Governo alemão, Steffen Seibert.

"Estes esforços de mediação são necessários" para reduzir a tensão e "encontrar uma solução para a tensão", explicou por seu lado o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Christofer Burger.

O ministro, Heiko Maas, cujo país exerce a presidência rotativa do Conselho Europeu este semestre, vai reunir-se em Atenas com o homólogo grego, Nikos Dendias, e com o primeiro-ministro, Kyriakos Mitsotakis, e, em Ancara, com o homólogo turco, Mevlut Cavusoglu.

Na semana passada, depois de uma cimeira extraordinária por videoconferência, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, avisou a Turquia de que "todas as opções estão em cima da mesa" relativamente às atividades de perfuração no Mediterrâneo oriental, reiterando que as considera ilegais e manifestando "total solidariedade" com a Grécia e Chipre.

O conflito na região vai voltar a ser discutido pelos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE na reunião prevista para quinta e sexta-feira, na qual o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, deverá apresentar uma lista de possíveis sanções contra a Turquia.

O assunto voltará depois à mesa do Conselho Europeu, constituído pelos chefes de Estado e de Governo dos 27, na cimeira presencial prevista para setembro.

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