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O tempo de usar máscara é agora!

Não é possível proteger os idosos fazendo a nossa vida “normal” não usando máscara

Se a situação dos idosos em Portugal já devia merecer toda a nossa atenção antes da pandemia, as situações que têm ocorrido mesmo durante este período de desconfinamento, com muitas mortes a lamentar, deviam-nos levar a uma reflexão profunda sobre o modo como encaramos o envelhecimento e as soluções que apresentamos, como sociedade, para que se possa manter a qualidade de vida na fase mais fragilizada da nossa existência.

Penso que todos estamos de acordo com o slogan “envelhecimento ativo” se bem que não lhe atribuamos todos o mesmo significado. Para uns parece significar manter os idosos até idades mais avançadas no mercado de trabalho como se o elixir da juventude tivesse sido descoberto. Este prolongar da vida de trabalho só faz sentido, a meu ver, se forem criadas condições individualizadas para cada trabalhador adaptadas à sua condição física e psicológica e nunca contra a vontade do próprio. Para outros, é darmos condições a todos os idosos a possibilidade de manterem uma atividade compatível com o seu estado de modo a atrasar todo o processo de fragilização que o envelhecimento implica.

A pandemia abriu-nos a porta de muitos lares para idosos e o que vimos ou ficámos a saber sobre alguns deles não pode deixar de nos indignar. Mesmo sendo instituições inspecionadas e legais as condições de vida dos utentes não se assemelham nada ao que gostaríamos que fossem as nossas condições de vida no final dos nossos dias. Como se costuma dizer “palavras leva-as o vento”, e assim os planos de contenção que existiam não eram implementáveis e como quase sempre em Portugal quando é preciso sair da rotina por qualquer uma causa exterior o caos instalou-se.

Não podemos aceitar que idosos tenham morrido por falta de cuidados básicos como serem hidratados quando todos sabemos que a hidratação é uma das preocupações a ter com aqueles que estão dependentes. Como fomos um dos últimos países europeus a ser atingidos pela pandemia e como já sabíamos o que se tinha passado em Espanha nos lares de idosos, penso que tinha havido tempo para nos prepararmos de modo diferente. Será que não o fizemos porque se tratava de idosos?

Estamos numa guerra global contra o vírus e não podemos deixar de tentar ser parte da solução para a sua não disseminação de modo que o vírus não atinja os mais vulneráveis. Não é possível proteger os idosos fazendo a nossa vida “normal” não usando máscara e não mantendo a distância, pois se o vírus se espalhar na comunidade logo encontrará maneira de chegar àqueles que mais queremos proteger.

O não usar a máscara é uma decisão que pode afetar negativamente o bem-estar de terceiros, por isso é um caso do que chamamos em Economia de externalidade. Nestes casos o Estado deve intervir e tornar o seu uso obrigatório, se considerar que é o melhor para todos. A RAM, e muito bem, foi a primeira região do país a avançar com a medida relativa ao uso obrigatório de máscara. Sei que muitos acham que não se justifica o uso das máscaras na situação presente, mas quando a situação o justificar então já é tarde pois a disseminação já se encontra fora de controle.

Eu uso máscara e, deste modo, estou a participar ativamente na guerra a um vírus que, infelizmente, veio para ficar. E o leitor …?

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