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Carlos Rodrigues, presidente da Maxyield, pede transparência na avaliação de gestores

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A associação de pequenos acionistas Maxyield apela para que as empresas cotadas prestem "melhor informação" sobre os negócios e que se faça uma avaliação das administrações mais transparente.

Em entrevista por escrito à agência Lusa, o presidente da direção da entidade, Carlos Rodrigues, defendeu que estas sociedades "têm de dialogar com os pequenos acionistas" e "prestar melhor informação sobre os diversos negócios e sobre as subsidiárias relevantes".

A associação foi criada há dois anos para defender os direitos dos pequenos acionistas de empresas cotadas na bolsa.

Para a Maxyield, as "comissões de remunerações devem ser apenas integradas por acionistas" e a "avaliação do desempenho global das Administrações deve ser apresentada às assembleias-gerais, para que a apreciação anual não seja um ritual e um simples formalismo".

De acordo com Carlos Rodrigues, esta avaliação "tem de ser feita tendo em conta não só os seus objetivos orçamentais, mas também a concretização dos seus objetivos estratégicos" e deixar de ser executada "no seu âmbito por Administradores ditos independentes".

Segundo o mesmo dirigente associativo, "o processo de atribuição de remunerações variáveis à Administração Executiva necessita de maior transparência, clareza e informação às assembleias-gerais, para evitar o secretismo (informação tida por confidencial) que ocorre presentemente", apelando para que as empresas cotadas não sejam "configuradas como sociedades secretas, devendo fornecer as listas de presença nas assembleias-gerais a qualquer acionista".

Questionado sobre o impacto da pandemia nas empresas admitidas à negociação, Carlos Rodrigues referiu que irá "afetar estruturalmente os modelos de negócio e os resultados de exploração da maior parte das empresas cotadas, com impacto nas respetivas cotações", garantindo que neste ambiente "existem dúvidas relativamente à remuneração acionista".

Ainda assim, tendo em conta a "recuperação surpreendente" nas bolsas americanas e mesmo que na Europa os mercados bolsistas indiciem "a necessidade de tempo para a recuperação dos respetivos índices", o presidente da associação admite que "o tempo de recuperação seja inferior ao verificado nas últimas crises internacionais".

Carlos Rodrigues recordou ainda que "o mercado bolsista nacional entrou em 'bear market' [quando já está em baixa], sofrendo um 'crash' [descida acentuada] bastante violento, com uma queda do PSI 20 de -34% entre o máximo 19 de fevereiro e a cotação de fecho de 19 de março, provocado pelo impacto da pandemia coronavírus", sendo que a "partir desta data, assistiu-se a uma ligeira recuperação".

"As empresas cotadas -- as quais estão na maior parte dos casos já internacionalizadas -- vão ser profundamente afetadas pela retração económica e regressão social a nível nacional e internacional", referiu, destacando que o impacto "é variável e depende da exposição das empresas cotadas a este processo de redução dos rendimentos".

"Neste contexto, é premente a criação de medidas de apoio à aplicação de poupanças no mercado de capitais, evitando que a poupança seja orientada para aplicações no estrangeiro, contribuindo para a criação de emprego e de riqueza noutros mercados que são concorrentes nossos", apelou o líder da Maxyield.

A associação foi criada em 2018 por diversos pequenos investidores que participavam nas assembleias-gerais das cotadas e que acreditam "que os pequenos acionistas deveriam ter uma voz mais ativa e participativa na vida das sociedades abertas", indicou o presidente.

Carlos Rodrigues realçou que a preocupação da entidade, desde a sua criação, "foi dinamizar a participação nas assembleias-gerais das empresas cotadas", bem como "promover a elaboração de relatórios de análise das performances trimestrais e anuais das principais empresas do PSI20", entre outras questões.

Carlos Rodrigues foi diretor regional, na Região Autónoma da Madeira, dos Correios e Telecomunicações de Portugal, EP até 1992 e CTT, SA até 2016, tendo sido ainda presidente do Conselho de Administração da Cabo TV Madeirense, S.A. entre 1991/93.

É licenciado em Economia e foi professor assistente na Universidade Católica, no Funchal.

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