Madeira

“Nós estamos num estado de direito e não num estado policial "

Jorge Silva acredita que os 180 polícias poderão ser até demais, se a população ficar em casa

None
Foto Rui Silva/Aspress

“Nós estamos num estado de direito e não num estado policial de mostrar os dentes e material para impor respeito”, recordou Jorge Silva, reagindo à questão do uso de coletes à prova de bala e metralhadoras pela polícia na operação de passagem de Ano, embora reconheça que provavelmente o objectivo é o de passar a imagem de uma presença musculada para o caso de ser necessário e que é importante estar preparado. O antigo chefe da PSP não acredita que vá ser necessário usar a violência. Aliás, os 180 polícias poderão ser até demais, pois antecipa que a maior parte das pessoas vai mesmo ficar em casa ou procurar lugares alternativos, menos badalados, para ver o fogo, fora de grandes aglomerados.

Jorge Silva dá como exemplo a noite de Natal na Camacha, em que temia que se deslocasse uma multidão e quando lá passou contava o número de pessoas pelos dedos das mãos. Acredita que com o Fim do Ano será o mesmo. Temos sempre na mente que no Avista Navios é que é bom, no Pico dos Barcelos é que é bom, aqueles pontos de referência. Eu penso que as pessoas vão procurar – alguns vão ficar em casa porque também conseguem ver, se não vêm tudo vão ver 25 % ou 30% - mas vão procurar outros pontos, vão pensar que primeiro está a nossa saúde e a saúde deles e evitar aglomerados que poderão causar grandes problemas de saúde, mais do que de segurança”, disse o antigo chefe da polícia, agora reformado.

No campo dos conflitos, Jorge Siva não vê grandes motivos para preocupação. O madeirense, diz, em geral é pacífico. “Há um ou outro que peca por excesso, mas o madeirense sabe na altura o que deve fazer”. E por isso tem reticências sobre a demonstração de força. “Nem sei o que diga nesta altura acerca disso”, começou por dizer. No passado a polícia na Madeira já fez uma coisa semelhante. “Mas estávamos numa altura em que havia ameaças externas a nível mundial e tínhamos aí muitos barcos com estrangeiros e era sempre a pensar numa possível situação”, diferenciou. “Será que resulta? Nós estamos num estado de direito e não num estado policial de mostrar os dentes e material para impor respeito”. E defende que o respeito não se impõe pela demonstração de força. Embora admita que o objectivo é dissuadir. “Não pensem que está ali excesso. Temos de estar preparados para alguma situação que poderá surgir e essa parte musculada às vezes é necessário”.

Sobre o efectivo destacado para a passagem de 31 de Dezembro para 1 de Janeiro, Jorge Silva acredita que é o possível e que até poderá ser excessivo, se a população realmente acabar por ficar mais em casa.

Os 180 destacados é já um número considerável, num universo de 600 e poucos, contabilizou. “O nosso efectivo não é assim tão grande”. E recorda que os outros serviços por toda a Região têm de ser mantidos a funcionar. “Trabalhamos 24 horas, os turnos vão continuar na segurança da população, no trânsito... Não é fácil arranjar um efectivo”.

“Quantas vezes fizemos policiamento e colocamos elementos e mais elementos e mais elementos no exterior e depois nos até dissemos ‘Foi necessário massacrar tanta gente?”

Jorge Silva recorda que este é um trabalho pensado, de dias, para que tudo esteja operacional para uma operação de umas três horas.

Se antigamente a polícia era para o trânsito, para o policiamento apeado e de carro, hoje há outras exigências. Foi preciso retirar para as Brigadas de Intervenção Rápida, para o policiamento à civil, para dar apoio aos tribunais. E alerta para as lojas fechadas e ruas abandonadas e para quem está a “tomar essas ruas”.

Da sua parte, vai ver o fogo em casa, onde vê bem. “Não se vê tudo, mas vejo bem. E é aqui que eu vou ficar, daqui não saio”, garantiu.

Mais Casos

A carregar...

Não existe mais conteúdo

Carregar mais notícias

Erro ao carregar mais conteúdo

Fechar Menu