Boa noite!

Os incorrigíveis das comparações sem nexo aproveitaram a decisão do governo da República – que solicitou hoje ao parlamento "uma tramitação de urgência para que seja imposta a obrigatoriedade de uso da máscara na via pública, com o óbvio bom senso de só nos momentos em que há mais pessoas na via pública, e também da utilização da aplicação stayaway covid em contexto laboral, escolar e académico” - para lembrar que em Julho, em plena retoma e numa Região quase sem casos de covid e sem mortes, o governo regional foi severamente criticado por ter determinado, sem mais, a obrigatoriedade do uso de máscaras nos espaços públicos.

Os distraídos adeptos do abuso de poder não pararam para pensar e perceber nuances que fazem a diferença, tomando por igual o que é diferente, até porque na altura, como agora, não vivíamos na Madeira em estado de calamidade, nem a obrigatoriedade é feita à revelia da normalidade democrática, logo, não está isenta de contestação e de escrutínio.

A decisão de levar à Assembleia da República medidas que restringem os direitos dos cidadãos e que, no caso da app, "suscita graves questões relativas à privacidade", é sinal de lucidez e de respeito que devia fazer escola. Até porque como lembraram hoje os entendidos “fora do estado de emergência, todas as medidas que suspendam as garantias individuais devem ser autorizadas pelo Parlamento ou pela via legislativa, mesmo em questões de saúde pública”.

Quanto à discórdia local, já contaminada pelos vapores da próxima disputa autárquica, como escrevemos em Agosto, não faz sentido continuar dividir e ostracizar madeirenses, só porque uns são contra a forma compulsiva como tudo se decide nesta terra e outros estão a favor de uma atitude preventiva legítima, mesmo que, uns e outros entendam que o bem maior é a vida e demonstrem, quase sempre, uma atitude cívica irrepreensível.

E como há gestos que valem mais do que palavras, desejamos muita coragem e força a João Pedro Vieira que, a partir de agora, no gabinete do Secretário de Estado Adjunto e da Saúde, vai reforçar luta colectiva no combate à pandemia.