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MP venezuelano pede que Brasil extradite militares que atacaram quartel

Foto EPA
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O Ministério Público venezuelano pediu hoje às autoridades brasileiras a extradição dos cinco militares que iniciaram o processo para obtenção do estatuto de refugiados no Brasil e que assumiram o ataque a um quartel militar, em 22 de dezembro.

O procurador-geral da República (PGR) da Venezuela, Tarek William Saab, publicou na sua conta da rede social Twitter uma carta endereçada ao seu homólogo brasileiro, Augusto Aras, na qual pede às autoridades do país vizinho que iniciem “os procedimentos necessários” para “colocar à disposição” das autoridades venezuelanas os cinco militares acusados de participar numa “operação insurgente”.

Para as autoridades venezuelanas, os militares são “desertores” das Forças Armadas e responsáveis pelo ataque de 22 de dezembro passado a uma instalação militar em Gran Sabana, no estado fronteiriço de Bolívar, e que culminou na morte de um oficial, e no roubo de 120 espingardas e nove lançadores de granadas.

Saab alertou que o pedido faz parte do Tratado de Extradição entre os dois países, em vigor desde 1938, e classificou de “inaplicável” o direito de refugiado pedido pelos militares aquando da sua detenção pelas autoridades brasileiras porque cometeram “graves delitos comuns” e “contra a paz”.

Em 23 de dezembro, o Governo venezuelano, liderado por Nicolás de Maduro, acusou o Brasil, a Colômbia, o Peru e o Equador de facilitar a movimentação e o treino dos referidos militares, imputação que aqueles países rejeitaram.

O Governo do Brasil é crítico da administração do Presidente Nicolás Maduro, que responsabiliza pela crise na Venezuela, marcada por uma escassez cíclica a vários níveis, hiperinflação e um êxodo de mais de quatro milhões de pessoas, numa estimativa da Organização das Nações Unidas.

O Brasil é um dos quase 60 países que reconhecem o líder do parlamento da Venezuela, Juan Guaidó, como Presidente interino daquele país, desde fevereiro de 2019.

Por sua vez, Saab foi nomeada em 2017 como PGR pela Assembleia Nacional Constituinte, órgão legislativo composto exclusivamente por chavistas e não reconhecido por vários países, incluindo o Brasil.