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Faça ouvir a sua voz, vote!

Faz sete anos que escrevi neste jornal um artigo de opinião que intitulei “que democracia é esta?” e hoje ao relê-lo penso que muito o que disse na altura não perdeu atualidade. Assim o número crescente de portugueses, que referia na altura, que se sentem afastados da vida política nacional e, acima de tudo, dos políticos parece ter aumentado. Cada vez mais o partido da abstenção é o grande vencedor das eleições. Parece-me que estamos cada vez mais longe de uma democracia consolidada no nosso País, um dos ideais que o 25 de Abril veio apontar, pois muitos não acreditam num sistema onde não se sentem nem envolvidos nem respeitados.

Temos da democracia as eleições livres, mas nada nos garante que depois de feita a escolha de um programa eleitoral, os eleitos irão respeitá-lo pois mais parece que os eleitos se sentem mandatados para fazerem o que lhes apetecer descurando tudo aquilo que propuseram e que deveriam concretizar. Se existe mudança de partido no Governo, imediatamente após as eleições, os novos governantes descobrem que a situação em que o País se encontra é bem pior do que pensavam e, como tal, não podem cumprir o programa eleitoral em especial as promessas que, com mais entusiasmo, apresentaram aos eleitores: diminuição de impostos, melhores serviços públicos entre tantas outras que nos fazem pensar que estamos perante autênticos mágicos económicos.

Deste modo, o meu voto e os dos portugueses passa a ser num conjunto de pessoas que vão decidir por nós, desrespeitando o programa que o partido apresentou às eleições e que deviam respeitar. Assim, deixa de fazer sentido a democracia assente em partidos, sendo preferível votar em círculos unipessoais em que saberíamos e escrutinaríamos o trabalho de quem fosse por nós eleito.

Nesta nossa democracia, em que o Presidente da República não verifica se o decidido pelos eleitos respeita as promessas feitas aos eleitores vamos achar cada vez mais que não vale a pena perder tempo a ir votar e seja o que Deus quiser! ... mas apesar de tudo continuo a ir votar pois, no meu otimismo, não deixo de acreditar que o povo é, realmente, quem deve decidir e uma das poucas, senão a única, forma de fazer ouvir a sua voz é nas urnas. Por isso, faça ouvir a sua voz, vote!