Madeira

Bispo de Setúbal lembra Maurílio de Gouveia e fala de “percurso de homem de bem”

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O bispo de Setúbal, José Ornelas Carvalho, lamentou hoje a morte do arcebispo emérito de Évora Maurílio de Gouveia, lembrando o “seu percurso de homem de bem, de cristão convicto e de padre dedicado”.

Assinalando a relação “paternal-filial” com Maurílio de Gouveia, o bispo de Setúbal realçou a amizade que mantinham desde jovens e recordou o momento em que foi ordenado padre pelo antigo arcebispo alentejano.

“Tive com D. Maurílio um relacionamento muito amigo e paternal-filial, não só pelo dom do sacerdócio que recebi pela imposição das suas mãos, mas também por uma amizade surgida, desde quando era eu ainda menino e ele jovem padre, professor no seminário do Funchal”, sublinhou José Ornelas Carvalho, numa mensagem publicada no site da Diocese de Setúbal.

Maurílio de Gouveia, que esteve à frente da arquidiocese de Évora durante quase 27 anos, morreu na terça-feira na Madeira, aos 86 anos.

Nascido no Funchal, a 05 de agosto de 1932, onde regressou depois da posse do seu sucessor, em Évora, Maurílio de Gouveia foi ordenado sacerdote em 1955, passando a liderar, 26 anos depois, a arquidiocese alentejana.

Considerando que Maurílio de Gouveia pertencia a uma geração de responsáveis da Igreja que “deram um novo rosto ao catolicismo” em Portugal, o bispo de Setúbal realçou o seu contributo no “relançamento de pontes e diálogo com o Portugal democrático”, numa Igreja “promotora da ação dos leigos” e “aberta aos que mais precisam”.

Maurílio de Gouveia foi um dos bispos nomeados, após o 25 de Abril, entre os quais se incluem Manuel Martins, Manuel Falcão, José Policarpo e outros, “que deram um novo rosto ao catolicismo no nosso país, relançaram pontes e diálogo com o Portugal democrático, apostaram numa Igreja promotora da ação dos leigos e aberta particularmente aos que mais precisam. Muito lhes devemos, não só a Igreja católica, mas todo o país”, escreveu o prelado de Setúbal.

Na mensagem, divulgada hoje, José Ornelas Carvalho recorda ainda os últimos encontros com o arcebispo emérito de Évora, no verão passado, durante a celebração de uma eucaristia, “quando já se encontrava muito fragilizado pela doença”, e há cerca de um mês, quando recebeu de Maurílio de Gouveia um livro de “memórias finais”.

Os restos mortais de Maurílio de Gouveia encontram-se em câmara ardente no Eremitério Maria Serena, na Madeira, onde decorre hoje uma missa presidida pelo arcebispo de Évora, Francisco Senra Coelho.

Na quinta-feira de manhã, ainda na Madeira, segundo a Diocese do Funchal, será realizado o acolhimento na Sé e ofício de defuntos, assim como uma missa de corpo presente, presidida pelo bispo do Funchal, Nuno Brás.

Também na quinta-feira, o corpo do arcebispo emérito de Évora será transladado para a cidade alentejana, estando agendadas exéquias para a Sé Catedral, sendo Maurílio de Gouveia sepultado, na sexta-feira, na Igreja do Espírito Santo, no Panteão dos Arcebispos.