Madeira

História de madeirense vítima de violência doméstica contada em livro no Canadá

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Um manuscrito de uma emigrante madeirense vítima de violência doméstica e que teve o apoio do Centro Abrigo (Toronto) deverá em breve tornar-se um livro em Ontário, no Canadá. A obra literária, que está a ser preparada pela antiga professora universitária Ilda Januário e por outra colaboradora da Associação da Mulher Migrante do Ontário (AMMO), vai retratar os abusos e agressões conjugais.

O livro é que das actividades que a AMMO está a preparar no corrente ano. Nas Comemorações de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas em Toronto, será apresentada uma exposição intitulada ‘Fio de Ternura’ que ficará patente na Peach Gallery no dia 10 de Junho.

A mulher portuguesa “ainda tem um longo caminho a percorrer” em termos de igualdade no Canadá, onde existe uma “população feminina esquecida”, disse à Lusa uma responsável da nova Associação da Mulher Migrante do Ontário (AMMO).

“A mulher portuguesa ainda tem um longo caminho a percorrer, no entanto já temos muitas mulheres em áreas que são extremamente importantes, como a política, economia, ou nas empresas. Mas há uma população feminina que está esquecida num número elevado e que necessita de apoio”, afirmou Humberta Araújo.

A secretária-geral da AMMO falava após uma conferência de imprensa, na noite de sexta-feira, na Casa do Alentejo de Toronto, que serviu para dar início às atividades em Toronto deste núcleo da Mulher Migrante - Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade.

A dirigente explicou que são as mulheres “que operam em fábricas, as jovens indocumentadas, as vítimas de violência, as mulheres com salários inferiores ao dos homens, e que trabalham a dobrar” que necessitam de apoio.

“Há ainda um trabalho enorme a fazer, não só da nossa parte, da parte das mulheres que têm um certo conhecimento de ir lá e ajudá-las, mas também para lhes dar informação para saberem que há realmente formas de sair de certas situações difíceis. Nesse aspeto ainda há um trabalho a percorrer”, reconheceu Humberta Araújo.

No passado dia 21 de fevereiro, no Consulado-Geral de Portugal em Toronto, a AMMO oficializou-se enquanto organismo junto das autoridades portuguesas.

A ideia da criação de um núcleo em Toronto surgiu em outubro de 2018, num encontro com a presidente da AMM, Maria Arcelina Santiago.

O trabalho da AMMO vai basear-se mais no estudo e será “um pouco às escuras”, com “muito trabalho de investigação”. Quando houver “algum trabalho relevante”, este será apresentado à comunidade.

“Não vamos ser uma organização tradicional como aquelas que várias vezes por ano organizam festas. Vamos estar um pouco na sombra a desenvolver um trabalho de investigação, em áreas de arte, política, e trabalho diário, reconhecendo sobretudo o que a mulher tem feito”, acrescentou. O trabalho de investigação sobre o que a mulher migrante fez no Ontário não terá um valor só de “conhecimento local”, mas também “vai ficar registado na Associação da Mulher Migrante” de Portugal.