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Sindicato dos Jornalistas vai apresentar propostas para o sector ao Governo e Assembleia da República

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O Sindicato dos Jornalistas vai apresentar, nos próximos dias, ao Governo e à Assembleia da República, propostas para fazer face à crise no sector da comunicação social, anunciou hoje a sua presidente, Sofia Branco.

No encerramento da Conferência sobre Financiamento dos Media, promovida pelo Sindicato dos Jornalistas, no Palácio da Cidadela, em Cascais, Sofia Branco defendeu que há que “convencer o Governo, sobretudo na pessoa do senhor ministro das Finanças” a assumir este sector “como estratégico”, desde logo “estratégico para a economia do país”.

Na presença do chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, a presidente do Sindicato dos Jornalistas agradeceu-lhe por ter lançado “o repto” que levou à organização de um debate sobre o financiamento da comunicação social, e por ter cedido o espaço para esta iniciativa.

“Acompanhamos a sua preocupação face à situação de emergência no sector e estamos ao seu dispor para procurar encontrar soluções que garantam um futuro para o jornalismo. Nesse sentido, nos próximos dias, faremos chegar um conjunto de propostas ao Governo e à Assembleia da República, dando-lhe evidentemente conhecimento”, declarou.

Sofia Branco referiu que, ao longo dos últimos dois dias, “40 oradores e outros tantos participantes na assistência, com comentários e perguntas, deixaram sugestões e propostas para salvar o jornalismo”, considerando que esta conferência não encerra “sem luz ao fundo do túnel”.

“Ao contrário, foram iluminadas muitas luzes, propostas concretas para ‘dar a volta’ a isto. É fundamental avaliar de que modo poderá o Estado, ainda que de forma indirecta, ser parte da solução e ajudar a concretizar algumas propostas, quer seja através de incentivos ou benefícios fiscais, quer seja através da criação de hábitos de consumo do jornalismo junto dos cidadãos, nomeadamente os mais jovens - isto só para citar algumas das muitas, muitas possibilidades”, prosseguiu.

A presidente do Sindicato dos Jornalistas e jornalista da agência Lusa falou também na possibilidade de se fazer “campanhas de sensibilização e campanhas de literacia”.

“Mas sabemos desde já que isto de salvar os media não se faz sem dinheiro e, portanto, no final da linha, teremos de convencer o Governo, sobretudo na pessoa do senhor ministro das Finanças, a considerar o sector dos media como estratégico, estratégico para a economia do país”, acrescentou.

Segundo a presidente do Sindicato dos Jornalistas, é também “imperioso obrigar este sector estratégico para a economia a regras de transparência e critérios de gestão sérios e rigorosos que promovam emprego qualificado e remunerado, de acordo com a responsabilidade que acompanha os bens públicos, que é o caso da informação”.

Trata-se de um sector estratégico porque é “garante da diversidade nacional, da coesão territorial, do bem-estar e da transformação social, do respeito pelo Estado de direito e pelos direitos humanos, e da tomada de decisões conscientes e esclarecidas por parte dos cidadãos”, argumentou.

“Continuar a não ver o que está à vista de todos será contribuir para a extinção do jornalismo, farol cada vez mais imprescindível num mundo em comunicação constante e desinformação crescente, pilar essencial da democracia e da liberdade”, alertou Sofia Branco, concluindo: “Está na altura de, juntos, salvarmos o jornalismo, sob pena de dentro de pouco tempo já não haver nada para salvar”.