China quer cooperação “estratégica” e “em todas as dimensões” com o Brasil
O Governo chinês afirmou hoje que olha para a relação com o Brasil de uma perspetiva “estratégica” e a “longo prazo”, considerando que a cooperação bilateral “não se deve restringir à economia e comércio”.
No dia em que o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, inicia a sua primeira visita de Estado à China, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês disse à agência Lusa que os dois países devem “orientar o desenvolvimento em todas as dimensões”.
“A China olha sempre para o relacionamento com o Brasil de uma perspetiva estratégica e a longo prazo”, afirmou Hua Chunying. “Esperamos que esta visita sirva para avançar com a cooperação e gerar novas perspetivas”, acrescentou.
Bolsonaro tomou posse no início deste ano, com a promessa de reformular a política externa brasileira, com uma reaproximação aos Estados Unidos, e pondo em causa décadas de aliança com o mundo emergente.
O Presidente brasileiro tem promovido um alinhamento com o homólogo norte-americano, Donald Trump, que deverá ter consequências diretas nos fóruns multilaterais, negociações sobre o clima, Defesa ou conflito Israel-Palestina.
Em entrevista à agência Lusa, o embaixador do Brasil em Pequim, Paulo Estivallet de Mesquita, considerou esta semana que “é preciso ser realista quanto à capacidade de atuação política” conjunta do BRICS, o bloco de países emergentes que junta o Brasil e a China, além da Rússia, Índia e África do Sul.
“O BRICS não é uma aliança política para atuar na ONU ou onde quer que seja. Como atuação política no cenário internacional há limites no que pode ser feito”, afirmou o diplomata.
Paulo Estivallet de Mesquita lembrou que o bloco é composto por países com “circunstâncias bastante diferentes”.
“O Brasil e a China, por exemplo, um de cada lado do planeta, com circunstâncias geográficas e sistemas políticos e de atuação no cenário internacional muito diferentes”, descreveu.
Hua Chunying lembrou, no entanto, que a China “está pronta para trabalhar” com Bolsonaro, visando um “intercâmbio de alto nível mais próximo” e o “reforço da sinergia nas estratégias de desenvolvimento dos dois países”.
A relação entre a China e o Brasil “alcançou resultados frutíferos” e “estabeleceu um modelo de solidariedade e cooperação conjunto entre os principais países em desenvolvimento”, recordou.