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Mulheres timorenses continuam sem oportunidades de exercer os seus direitos

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As mulheres timorenses continuam a não conseguir exercer os seus direitos em Timor-Leste e, no mundo rural, têm grande parte do trabalho sem a correspondente participação ativa no desenho das políticas de desenvolvimento, afirmou hoje o Presidente timorense.

Por isso, disse Francisco Guterres Lu-Olo num discurso em Díli, “valorizar a ação das mulheres e promover a sua participação na construção nacional” torna-se crucial para o reforço da “qualidade da democracia” e para a defesa da Constituição.

Lu-Olo falava na abertura de um seminário sobre a importância do voto da mulher, promovido pela organização timorense Rede Feto (Rede Mulher) que decorre a cerca de duas semanas do arranque da campanha para as eleições antecipadas de 12 de maio.

“A Constituição da RDTL estabelece o princípio da igualdade de direitos de todos os cidadãos, incluindo a igualdade de direitos entre homens e mulheres”, afirmou.

“Mas, na nossa sociedade as mulheres ainda não têm a mesma oportunidade de exercerem os seus direitos. Por isso, valorizar a ação das mulheres e promover a sua participação na construção nacional é também promover a aplicação da Constituição”, disse ainda.

Em jeito de mensagem para os líderes políticos, Lu-Olo considerou igualmente que “a participação política é um direito que deve abrir as portas ao exercício de outros direitos: direito à educação, à saúde, à água limpa, à habitação”, que o Estado deve dar máxima prioridade a estes temas e que “as mulheres têm de participar e contribuir também para realizar esses direitos”.

“A integração plena das filhas de Timor-Leste no processo de desenvolvimento é uma necessidade estratégica, para alcançarmos objetivos de desenvolvimento sustentável que estabelecemos - incluindo a diversificação da economia nacional, a qual dependerá sempre da melhoria da economia familiar nas áreas rurais”, sustentou.

“Para realizarmos estes objetivos, temos de trabalhar em conjunto, homens e mulheres. E temos de aprender a dar o valor justo à importância das mulheres para o desenvolvimento da sociedade e da economia, na Administração Pública, no setor privado empresarial e nas áreas rurais, nas aldeias, campos e lezírias, onde vive e trabalha a maior parte do nosso povo”, defendeu.

Destacando a importância do trabalho das dirigentes e ativistas das organizações de mulheres em Timor-Leste, o Presidente sublinhou a importância de manter e reforçar as parcerias que existem com o Estado, ajudando a fortalecer a sociedade civil.

“A participação ativa das mulheres e das organizações de mulheres é indispensável para valorizar o papel das mulheres para a construção nacional, diariamente, a todos os níveis: não apenas na política, mas em geral na sociedade, na vida familiar, nas cidades e nas aldeias, nos campos e nas lezírias desta terra amada”, afirmou.

O chefe de Estado relembrou que as tarefas familiares “continuam a cair nos ombros das mulheres” e que ainda que o trabalho das mulheres no meio rural seja “determinante para a economia das suas famílias”, elas continuam sem “igualdade de condições nem de participação no desenvolvimento das prioridades nacionais”.

Neste âmbito, destacou a falta de saneamento e água limpa e que são as mulheres e as raparigas que, 15 anos depois da independência, “percorrem longas distâncias, carregando água para suas casas”.

“Após 15 anos de exercício da independência, continuo a ver milhares e milhares de famílias a viverem em habitações sem condições básicas mínimas. Esta situação afeta os homens e as mulheres. Mas é o trabalho das mulheres em casa que mais sofre a falta de condições básicas das habitações das famílias da nossa terra”, frisou.

“O acesso à informação e a participação das mulheres na implementação das políticas de habitação, de água e de saneamento, de saúde pública e educação, são prioridades fundamentais do nosso desenvolvimento”, afirmou.