Artigos

O resto é ruído

Depois de todos termos desejado indistintamente um ano novo repleto de sucessos, resta-nos esperar pela consumação dos desejos na esperança que as surpresas, quase sempre adversas, não arrebatem ainda mais direitos adquiridos. No entanto e apesar de ainda estarmos a dar os primeiros passos neste ano novo um pouco madrasto, parece que quase tudo ainda se mantém e os problemas continuam os mesmos, apenas esvoaçando algumas alucinações por aqui e por ali proliferadas por determinados indivíduos.

Francamente? Acho que estes senhores, alguns dos quais trajando fato e gravata, insígnias e togas, todos conhecidos na praça pública madeirense, andam de, há uns tempos a esta parte numa doidice, um gosto pela controvérsia, uma vontade inexplicável em se meterem em assuntos que só dizem respeito à Polícia, com o objectivo de discutir e aniquilar o bom nome e a reputação da instituição PSP e dos seus profissionais.

Só assim, se consegue entender a dimensão que atingiram determinadas imposições feitas à Polícia por parte de alguns senhores e de algumas instituições. Estes mesmos senhores por vezes esquecem-se que a PSP e os seus profissionais, no dia-a-dia, e em todos os eventos em que participam na qualidade de Força de Segurança com competência territorial em todo o arquipélago, ao nível e em prol da segurança, são tomadas decisões à luz da lei e dos nossos regulamentos/procedimentos operacionais.

Claro que há matéria para dizermos que não havia necessidade. Como também se compreende os que vieram relativizar mostrando que, quando se apura a verdade e a verdadinha das decisões, o panorama não é assim tão díspar. É uma maravilhosa ilha, esta nossa, que quase como aquele membro da família que gostamos de criticar, é defendido por nós, com unhas e dentes e ganas de sangue, quando é alguém de fora a criticar. É bonito de ser ver!

Cada qual com o seu argumento, não há coisa mais normal do mundo, seria de comentar, sorrir e andar em frente. O problema, digo eu, não está na troca de pontos de vista, ou mesmo na discussão, o problema está na desproporcionalidade e na desbocalidade de ilustres senhores em quererem “meter o bedelho” na PSP usando os meios de comunicação social e as instituições que servem nem precisam mais tentar enganar a plateia com simulações de verosimilhança: podem mentir com franqueza, com descaramento genuíno e santo, confiantes em que os ouvintes já se afeiçoaram à mentira ao ponto de aceitá-la precisamente por ser mentira. E estando a PSP recheadinha de questões preocupantes parece-me tolice perder tempo e energias com disparates.

Meus senhores, no caso da configuração em como o trabalho está organizado na PSP e como suas actividades são estabelecidas baseiam-se nos princípios da legalidade, da hierarquia e da disciplina. A nossa organização por si própria determina a divisão das tarefas e relações de trabalho que envolvem todas as divisões e departamentos policiais. Além da hierarquia e disciplina, a PSP é rica em mitos, símbolos e intensa visão corporativa. Para compreender esta instituição, é necessário conhecer a sua cultura interna permeada por rituais que cotidianamente ditam a estrutura policial e como os seus profissionais devem agir.

É preciso que pensem na polícia com profissionalismo. A época do amadorismo, da polícia artesanal, deve de vez ficar para trás e virar peça de museu. Estes senhores por certo devem amanhecer de luto em ter mostrado tamanha insensatez e descaso com uma Instituição com 150 anos de história, dos quais 138 anos a servir a Região Autónoma da Madeira.