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Turquia exorta a mundo “não se vender” pelos “dólares” de Trump

Foto EPA
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A Turquia exortou hoje os líderes internacionais para que não se “vendam” por “um punhado de dólares”, após o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter ameaçado cortar as ajudas financeiras na perspetiva de um voto na ONU sobre Jerusalém.

“Apelo ao mundo inteiro, sobretudo, não vendam a vossa decisão [democrática] por um punhado de dólares. Os dólares voltarão, mas uma vontade que foi vendida jamais voltará”, disse o Presidente Recep Tayyip Erdogan durante um discurso em Ancara.

Estas declarações ocorreram a horas de uma votação na Assembleia Geral das Nações Unidas sobre uma resolução que condena o reconhecimento norte-americano de Jerusalém como capital de Israel.

Na quarta-feira, Trump fez alusão a uma possível supressão das ajudas financeiras dos EUA aos países que votarem a favor do texto. “Deixem-nos votar contra nós, vamos economizar imenso, é-nos indiferente”, referiu.

“Hoje, o ‘berço da democracia’ procura decisões à venda em troca de dólares. Senhor Trump, não vai conseguir comprar a opção democrática da Turquia contra dólares. A nossa decisão é clara”, frisou o Presidente turco.

Erdogan é um dos mais veementes críticos da decisão anunciada em 06 de dezembro pelo Presidente norte-americano Donald Trump de reconhecer a cidade santa como capital de Israel.

Na semana passada, convocou uma cimeira da Organização da Cooperação Islâmica (OCI), na qual os seus 57 Estados-membros proclamaram Jerusalém leste “capital” de um “Estado palestiniano”, e apelaram aos restantes países para adotarem semelhante atitude.

“O meu desejo é que [os Estados Unidos] não consigam obter o resultado que desejam. Espero que o mundo dê uma boa lição à América, é o que espero”, prosseguiu hoje Erdogan na sua intervenção.

O texto da resolução submetido à Assembleia Geral é proposto pelo Iémen e Turquia em nome do grupo de países árabes e da OCI.

Israel anexou a parte leste de Jerusalém, que passou a controlar desde a guerra de 1967, e votou uma lei que torna a cidade santa a sua capital “indivisível”. Esta anexação nunca foi reconhecida pela comunidade internacional e os palestinianos consideram Jerusalém leste como a capital do seu futuro Estado.

A Turquia e Israel normalizaram as suas relações em 2016, após uma grave crise diplomática motivada por um ‘raide’ israelita contra um navio de uma ONG turca que se dirigia para a Faixa de Gaza em 2010.

Os dois países intensificaram a sua cooperação, em particular no domínio da energia, mas Erdogan continua a criticar regularmente a política israelita.