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Indústria metalomecânica receia uma “dramática” falta de quadros qualificados

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A falta de técnicos qualificados pode tornar-se “dramática”, num futuro próximo, para as empresas da área metalomecânica, advertiu hoje Cláudia Pinheiro, administradora da A. Silva Matos, uma das maiores empresas do setor.

“A economia portuguesa tem uma ligação muito forte à metalomecânica, à construção civil e a outras áreas mais recentes que estão a ser impulsionadas, mas em Portugal não temos capacidade de resposta para estas atividades. Neste momento já é grave, mas poderá vir ser bastante dramático, num futuro muito próximo, se não forem criadas estratégias para resolver este problema”, disse a administradora da empresa, que tem forte componente exportadora.

Cláudia Pinheiro falava em Sever do Vouga, no lançamento de um projeto de formação em contexto de trabalho, financiado pela União Europeia em 300 mil euros e que envolve entidades portuguesas, espanholas e italianas, no âmbito do programa “Erasmus +”.

A gestora anunciou, na ocasião, que a A. Silva Matos Metalomecânica está em processo de recrutamento de mais 30 pessoas, quer em Sever do Vouga, quer em Aveiro, na área da metalomecânica (soldadores, serralheiros e pintores) e na área da engenharia mecânica.

Elisabete Henriques, vereadora da Câmara Municipal de Sever do Vouga, uma das parceiras, salientou que o projeto visa adaptar os programas escolares àquilo que as empresas realmente necessitam.

“São valores que para o nosso município são muito importantes, como o de ter mão-de-obra qualificada”, disse a autarca.

Jorge Castro, diretor da Associação para a Educação e Valorização da Região de Aveiro (AEVA), cuja escola profissional vai enquadrar a formação, realçou a importância de os parceiros se conhecerem bem e sublinhou o objetivo comum que é o de qualificar os jovens de acordo com as necessidades.

Jorge Castro destacou que, durante três anos, vai ser posto em prática um modelo de aprendizagem que aproveita as capacidades existentes.

“A A. Silva Matos é uma autoridade na metalurgia e metalomecânica e que já possui os seus mestres, de que precisamos para este projeto. Queremos que essa capacidade das empresas seja vertida para a formação jovem. É isto que propomos com o projeto: uma oportunidade de aprender dentro das empresas, com os seus mestres, numa cultura própria da entidade empresarial”, disse.

O modelo que agrega um município, uma entidade formadora e uma empresa, para desenharem o perfil de competências da formação, é replicado nos três países e os parceiros vão promover a troca de experiências, o intercâmbio de conhecimentos e visitas mútuas.

“Vamos aprender uns com os outros”, concluiu.