Crónicas

O FATOR X de uma nova governação

Depois das eleições com quem vai governar o CDS, uma vez que não haverá maioria absoluta de um só partido?

A Mudança política na Madeira no próximo ano é irreversível. Nenhum partido vai ter uma maioria absoluta. Não se trata de uma inevitabilidade, mas de uma necessidade desejada pela maioria dos eleitores. Essa mudança foi uma luta minha e de muitos, ao longo de anos, para pôr fim à hegemonia de um só partido (PSD) e às consequentes arrogâncias, prepotências e favoritismos que marcaram a nossa vida política. Foram uns longos 43 anos em que quem pensava e opinava diferente era enxovalhado e quem assumia ser da oposição era insultado e mesmo perseguido. É nessa mudança de ciclo que quero participar e é isso que me motiva para voltar à vida partidária ativa. Essa mudança começou nas autárquicas de 2013, com as oposições e movimentos a ganharem Municípios ao PSD, consolidou-se nas mesmas eleições em 2018 e terá o seu auge no próximo ano. Mas o pior que poderia acontecer era substituir esta maioria laranja por outra cor rosa ou apoiada por radicais e extremistas.

Estou plenamente convencido que os madeirenses não entregarão a governação a um só partido e que a exemplo do que acontece em 24 dos 28 países da União Europeia o próximo Governo Regional será constituído na base de uma coligação de 2 ou mais partidos. Ao contrário do que pensam alguns diretórios partidários que falam constantemente no “nosso eleitorado”, o voto é cada vez mais livre e consciente e ninguém é dono da vontade e do querer dos eleitores. O PSD que tem uma maioria no Parlamento, presa por 1 deputado, defraudou as esperanças dos madeirenses e porto-santenses e por isso não merece renovar essa maioria. O PSD mudou de caras, mas não mudou de postura e de atitude. As suas promessas eleitorais ou ficaram pelo caminho, ou são cumpridas à força e fora de tempo, ou então ficam-se pela metade e agora até já promete obras sem qualquer utilidade para um próximo mandato. Além disso, padece de falta de liderança e de um Projeto para a Região. Do lado do PS, temos uma ilusão assente apenas numa pessoa (Paulo Cafôfo), sem projeto nem programa, que há 8 meses pediu o voto aos funchalenses, garantindo cumprir a mandato até ao fim (2021), mas que passado pouco tempo rasgou esse contrato e assume-se como candidato a Presidente do Governo Regional, dizendo querer assinar um contrato com de 10 anos com os madeirenses. Mas quem faltou à palavra dada e rasgou aos funchalenses vai merecer a confiança dos madeirenses? Além disso, como se viu agora na votação do subsídio de mobilidade, foi por água abaixo o argumento de que o PS regional tem capacidade negocial com o Governo de António Costa para resolver os problemas pendentes entre a Região e o Estado. Do lado do CDS, que este fim de semana tem o seu Congresso para eleger uma nova liderança e aprovar uma Estratégia, pode vir um nova Esperança para a Autonomia e para a Madeira. O CDS deve ir a eleições com listas próprias, afirmando as suas ideias e propostas, reconhecidamente credíveis e úteis no Parlamento, e jogando para ganhar. O partido, segunda força política regional, pode almejar ser a primeira escolha dos madeirenses nas eleições do próximo ano, assim o decidam os eleitores. Dirão alguns que é pura ilusão, mas recordo aos mais distraídos que há uns anos o CDS era o quarto partido na Região e hoje é o segundo e que o PS era o segundo e hoje é o quarto. Assim como lembro que, ainda há 5 anos, o CDS não tinha um único vereador na Câmara de Santana e em 2013 venceu as eleições no concelho e em 2017 voltou a ganhá-las, agora com mais de 60 por cento dos votos, elegendo 4 vereadores em 5. Olhem, ainda, para o que se está a passar na Europa com a volatilidade dos votos e com os partidos tradicionais a desaparecerem ou a registarem resultados decepcionantes enquanto emergem novas forças políticas com votações surpreendentes e os partidos mais pequenos obtêm vitórias significativas.

Está tudo em aberto para as eleições do próximo ano e o CDS tem a Oportunidade de chegar ao Governo Regional, assim saiba unir as hostes, reunir os seus mais competentes e falar verdade no Programa que apresentar aos eleitores. Não queremos o poder a qualquer custo; queremos o poder para servir melhor as pessoas e pôr em prática o nosso programa. O partido foi o único nas eleições do ano passado que não perdeu votos nas autarquias que governava, antes pelo contrário reforçou significativamente a sua força na Câmara e nas Juntas a que presidia e isso demonstra que onde o CDS é poder, cumpre as promessas e governa bem, e essa é a melhor garantia que podemos dar aos eleitores de todo o arquipélago.

Depois das eleições com quem vai governar o CDS, uma vez que não haverá maioria absoluta de um só partido? Esta pergunta vai ser respondida pelos madeirenses no dia das eleições do próximo ano. É o povo que, soberanamente com o seu voto, decidirá o que o CDS deve fazer a seguir às eleições, na certeza porém de que o CDS deve evitar a extensão da geringonça nacional à Madeira, deve impedir que os extremistas de esquerda cheguem ao poder na Região, deve ser um pilar da estabilidade política e deve ser o Fator X de um novo Governo para a Madeira e o Porto Santo. O CDS deve estar no Centro da Mudança e da Decisão.