Crónicas

As Chinelas Do Natal

O Natal consumista da Madeira – tal como o emprego, a fome, a miséria, a saúde, a esperança, a honra, a felicidade, a vida – compra-se.

1. Aos madeirenses que estão sem casa, sem comida, sem crédito bancário, sem emprego, sem saúde, sem esperança, sem felicidade, sem honra e sem vida – força de vida para viver - eis o meu sapatinho de Natal.

2. Entre o dia 18 de Novembro de 2017 e o dia 24 de Dezembro de 2017 (hoje, véspera do Natal), caíram na conta bancária dos meninos Jesus abaixo identificados, em valores limpos de impostos, dois meses de retribuição e um de subsídio de Natal. Cuidado com as sincopes. O dinheiro público mata.

3. Ao calhas e por amostra. Na conta bancária do Tranquada Gomes (PSD-M), 8,500.00€, Jaime Filipe Ramos (PSD-M) 6, 500.00€, Miguel Sousa (PSD-M), 7,000.00€, Victor Freitas (PS-M), 6.000,00€, Lopes da Fonseca (CDS-M), 6,500.00€, Isabel Torres (CDS-M), 7.000.00€, Roberto Almada (BE), 6,500.00€, Élvio Sousa (JPP) 6,500.00€. Utilidade para a Madeira? Nenhuma. Zero!

4. Na conta bancária da Rubina Berardo (PSD-M), 8.000,00€, Sara Madruga da Costa (PSD-M), 8.000,00€, Paulo Neves (PSD-M), 8.000.00€, Luís Vilhena (PS-M), 8.000,00€, Carlos Pereira (PS-M), 8.000.00€, Paulino Ascensão (BE-M), 8.000,00€. Lisboa é o que está a dar. Utilidade? Nenhuma. Zero!

5. Na conta bancária das deputadas europeias eleitas pela Madeira, Cláudia Monteiro Aguiar (PSD-M), 30.000,00€ e Liliana Rodrigues (PS-M), 30.000,00€. Europa é o que está a dar. Utilidade? Nenhuma. Zero!

6. Conclusão: vale mesmo a pena filiar-se num partido político. É o trilho “religioso” do tacho politico. O sapatinho de Natal e o chinelo da Natal.

7. O Natal da Madeira está hoje enclausurado entre o culto religioso e o culto do dinheiro. É um lugar recôndito e frívolo sediado hipocritamente dentro de cada um de nós. Não é mais a família, os amigos e o nascimento de Jesus. Entre a fé e Deus estão “estercos” da terra.

8. O Natal consumista da Madeira não é quando o homem e a mulher quiserem. O Natal consumista da Madeira – tal como o emprego, a fome, a miséria, a saúde, a esperança, a honra, a felicidade, a vida – compra-se. Tem preço e goza do silêncio impotente da Casa de Nazaré. Calo-me!

9. Quem sou eu para escrever isto? Um menino mimado, rico, privilegiado, nascido numa família abastada de poder e de dinheiro público. Logo, não sou, não quero, nem posso ser ninguém. Estou vitaliciamente enforcado na árvore genealógica da “família”. Calo-me.