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UE é o maior receptor de ajuda ao desenvolvimento

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Os principais países doadores gastam mais com os refugiados que se encontram nos seus territórios do que nas crises humanitárias do mundo, pelo que a União Europeia é o maior recetor de ajuda pública ao desenvolvimento (APD).

Esta é uma das principais conclusões do relatório “A saúde da cooperação para o desenvolvimento e a ação humanitária 2017”, das organizações não-governamentais Médicos do Mundo e Medicus Mundi.

Segundo as organizações, os países ricos “disfarçam” de ajuda 15.400 milhões de dólares, cerca de 10% do total, dinheiro que usam para gerir os pedidos de asilo e para compensar outros países “para que acolham refugiados nos seus próprios países e limitem as migrações”.

Deste modo, alertam as ONG, enquanto o financiamento da ação humanitária - destinada aos países que sofrem conflitos, desastres naturais e crises humanitárias - apenas aumentou nos últimos três anos por parte dos países da Comissão de Ajuda ao Desenvolvimento (CAD) da OCDE, os gastos com refugiados triplicaram.

Em 2016, conclui o relatório, os 29 países da CAD gastaram mais a atender as necessidades daqueles que chegavam aos seus países do que em todas as crises humanitárias do mundo, onde se concentram 86% das pessoas refugiadas e deslocadas e “onde estão as maiores necessidades”.

Desta forma, “paradoxalmente”, a UE converteu-se no maior recetor de ajuda ao desenvolvimento do mundo, escrevem os autores do relatório.

As ONG consideram necessário “redefinir exatamente” o que pode incluir-se como APD genuína, já que, na sua opinião, há temas que deveriam ficar fora do cômputo da cooperação, como os gastos com migrantes nos próprios países, o pagamento da dívida externa, entre outras.

Defendem ainda que a UE deve promover o cumprimento do objetivo de 0,7% em “APD genuína” e os países doadores devem comprometer-se a não contabilizar os gastos com refugiados nos seus territórios como APD.