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Secretário-geral da Amnistia Internacional horrorizado com acolhimento de refugiados na Grécia

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O novo secretário-geral da Amnistia Internacional, Kumi Naiddo, disse hoje estar horrorizado com a forma como são tratados os refugiados na Grécia, especialmente nas ilhas gregas.

“A situação que temos visto em Moria é horrível e chocante. Com o anúncio do Prémio Nobel da Paz devemos lembrar que a União Europeia (UE) o ganhou há alguns anos, mas depois do que vi em Lesbos não merece [o prémio]. É um escândalo na sua consciência”, disse Naidoo em entrevista à agência Efe em Atenas.

Segundo o responsável, a “receita” que tem gerado o acordo migratório entre a União Europeia e a Turquia, implementado na primavera de 2016, gerou um bloqueio e actualmente mais de 18.800 pessoas estão bloqueadas nas ilhas.

Durante a sua visita ao centro de acolhimento de Moria, onde mais de 7.000 pessoas vivem num espaço preparado para acolher cerca de 3.000, Naidoo tem testemunhado os graves problemas de higiene, segurança e de sobrelotação que milhares de pessoas enfrentam durante meses.

“Vimos cerca de 60 famílias ficarem sem comer depois de terem estado na fila durante quatro horas”, disse.

“O governo grego tem de trazer estas pessoas para a Grécia continental antes de chegar o inverno. Há um mês estive num campo de refugiados no Quénia com 300.000 pessoas, não é nenhum paraíso, mas é mil vezes melhor do que vi em Moria “, frisou o secretário-geral.

Kumi Naiddo lembrou que a União Europeia e outros Estados em posições dominantes “têm as mãos manchadas de sangue” e que têm a responsabilidade de proteger os refugiados que chegam ao seu território.

Para o secretário-geral, outro grande problema nesta crise humanitária e política é a falta de transparência dos apoios financeiros.

“Seria uma tragédia terrível se o dinheiro que era suposto ser usado na ajuda aos refugiados fosse mal gasto ou desviado, quando há pessoas que vivem em condições desumanas”, diz Naidoo.

O poder de mudar esta situação é, de acordo com Naidoo, das pessoas comuns que, como os vencedores do Prémio Nobel da Paz de 2018, Nadia Murad e Denis Mukwege, levantam a voz e fazem coisas extraordinárias.

O secretário-geral da Amnistia Internacional insta o ‘lobby’ europeu “a adoptar políticas de migração mais humanas e a agir sempre tendo em mente que a humanidade é apenas uma”.