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Primeiro-Ministro indiano diz que morte de V.S. Naipaul é “grande perda para a literatura”

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O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, reagiu hoje à morte do escritor V.S. Naipaul, prémio Nobel da Literatura em 2001, considerando tratar-se de “uma grande perda para o mundo da literatura”.

“O seu desaparecimento é uma grande perda para o mundo da literatura”, disse Narendra Modi, numa mensagem publicada no Twitter, acrescentando: “Naipul será lembrado pelo seu trabalho abundante, que cobre tópicos que variam entre história, cultura, colonialismo, política e muito mais”.

Também o Presidente da Índia, Ram Nath Kovind, expressou a sua “tristeza”, igualmente através de uma mensagem no Twitter.

O escritor V.S. Naipaul, prémio Nobel da Literatura em 2001, morreu no sábado com 85 anos na sua casa em Londres, anunciou a família.

Vidiadhar Surajprasad Naipaul -- Vidia, para os que o conheciam de perto -- nasceu em 17 de agosto de 1932, na ilha de Trinidad, descendente de indianos empobrecidos embarcados para as Índias Ocidentais como trabalhadores em regime de semiescravatura.

Naipaul foi agraciado com o Nobel da Literatura em 2001 por ter “uma narrativa percetiva unida e um escrutínio incorruptível em trabalhos” que “obrigam a reparar na presença de histórias reprimidas”.

Com uma carreira que abarcou meio século, o escritor viajou, numa descrição do próprio citada pela Associated Press (AP), como um “colonial descalço” da rural ilha de Trinidad (Trindade e Tobago) para a classe alta inglesa, conquistando os mais cobiçados prémios literários e um título de nobreza (foi ordenado cavaleiro), sendo elogiado como um dos maiores escritores ingleses do século XX.

Entre as suas obras mais aclamadas estão os romances, traduzidos em português “A Curva do Rio” ou “Uma Casa para Mr. Biswas”, sendo ainda autor de “Uma Vida pela Metade”, “Num Estado Livre”, “A Máscara de África” ou “Para Além da Crença”, entre dezenas de outros.

Conhecido pela sua franqueza e declarações controversas, Naipaul esteve de relações cortadas com o escritor norte-americano Paul Theroux, com quem se havia reconciliado. Este último prestou-lhe homenagem descrevendo o seu antigo mentor como “um dos maiores escritores do nosso tempo”.

“Ele atacava qualquer um que usasse um cliché ou uma frase impensada, era muito escrupuloso nos seus textos, muito severo também”, disse Paul Theroux, autor do célebre “The Great Railway Bazaar”.

Naipul também manteve relações tensas com o escritor britânico nascido na Índia Salman Rushdie, que igualmente, através do Twitter, lamentou a sua morte.

“Nós estávamos em desacordo toda a nossa vida, política, literatura”, escreveu Rushdie, acrescentando, no entanto, que estava triste “como se tivesse acabado por perder um amado cunhado”.