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Papa defende estatuto especial que preserve Jerusalém como “lugar de paz”

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O papa defende um estatuto especial para Jerusalém, que preserve a sua vocação de “lugar de paz”, numa carta dirigida ao imã da universidade islâmica do Cairo Al-Azhar, divulgada hoje pelo Vaticano.

“A partir deste momento asseguro-lhe que não deixarei de invocar Deus pela causa da paz, de uma paz verdadeira, real”, diz Francisco na carta para o imã Ahmed al-Tayeb.

O papa, que se encontra numa viagem ao Chile e ao Peru, refere que reza para que as autoridades “se empenhem em evitar novas espirais de tensão e em apoiar todos os esforços para fazer prevalecer a concórdia, a justiça e a segurança para o povo desta terra abençoada”.

Francisco adianta que o Vaticano não deixará de “exigir com urgência a necessidade de um recomeço do diálogo entre israelitas e palestinianos para uma solução negociada, visando a coexistência pacífica de dois Estados dentro de fronteiras acordadas entre eles e reconhecidas internacionalmente”.

Tudo isto, sublinhou, “com pleno respeito pela natureza peculiar de Jerusalém”.

“Só um estatuto especial, também garantido internacionalmente, pode preservar a sua identidade, a sua vocação única de lugar de paz inspirado pelos lugares sagrados, bem como o seu valor universal, permitindo um futuro de reconciliação e esperança para toda a região”, defendeu o papa.

Francisco já falou várias vezes sobre a cidade, considerada santa por cristãos, judeus e muçulmanos, desde que a 6 de Dezembro o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel, rompendo décadas de consenso internacional, segundo o qual o seu estatuto final devia ser acordado entre israelitas e palestinianos em negociações de paz.

O anúncio de Trump, aplaudido como “histórico” pelo governo israelita, foi criticado pelos palestinianos e por quase toda a comunidade internacional, tendo feito aumentar a tensão na região.

Jerusalém Oriental, que os palestinianos reivindicam como capital de um futuro Estado da Palestina, foi ocupada por Israel em 1967 e anexada em 1980 contra a posição da comunidade internacional.