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Novo presidente chileno elogiou papa Francisco por pedir perdão a vítimas de abusos sexuais

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O presidente eleito chileno, Sebastián Piñera, elogiou hoje a atitude do papa Francisco ao mostrar “dor e vergonha” pelos abusos sexuais a crianças cometidos por membros da igreja católica do Chile.

“Muitos abusos foram cometidos há muito tempo e a Igreja não reagiu com força no momento certo. Que o papa o reconheceu e peça perdão é um bom sinal”, disse Piñera, que assumirá a presidência em março.

No seu primeiro discurso no primeiro ato de sua visita ao Chile, o pontífice disse que era “justo pedir perdão”, acrescentando que sentiu “dor e vergonha” face ao “dano irreparável” causado às crianças vítimas de abusos sexuais por parte de membros do clero chileno.

“É justo pedir perdão e apoiar as vítimas com todas as suas forças, ao mesmo tempo que devemos nos esforçar para não repetir”, disse o papa Francisco.

A este respeito, o presidente eleito disse que certas atitudes de religiosos “prejudicaram e danificaram muitas crianças”.

Uma das vitimas de abusos sexuais cometidos há anos por um influente sacerdote chileno rejeitou, entretanto, o pedido de perdão feito em Santiago pelo papa Francisco, e pediu à Igreja “mais ações” a favor das vítimas.

Fernando Karadima, que teve uma grande influência na Igreja chilena como formador de cinquenta sacerdotes, foi suspenso em 2010 pela justiça do Vaticano depois de revelar que abusou sexualmente de crianças e jovens quando era responsável pela paróquia “El Bosque”.

A justiça comum também entrou com uma ação judicial contra Karadima, mas não o condenou porque os crimes já haviam prescrito.

O papa aterrou na noite de segunda-feira na capital chilena para uma visita ao país.

Esta é a primeira visita do papa a esta nação com 17 milhões de habitantes, desde que assumiu o papado, em 2013.

Acontece numa altura em que muitos chilenos estão descontentes com a decisão de Francisco, tomada em 2015, de nomear um bispo próximo do reverendo Fernando Karadima, que o Vaticano considerou culpado, em 2011, de abusar sexualmente de dezenas de menores ao longo de décadas.

Numa missa hoje celebrada em Santiago do Chile, o papa elogiou a capacidade do povo chileno de se levantar e começar de novo.

Perante centenas de milhares de pessoas concentradas no parque O’Higgins, onde João Paulo II também celebrou a missa em 1987, Francisco dedicou a sua homilia à leitura do Evangelho sobre as “bem-aventuranças”.

O argentino Jorge Bergoglio disse que as bem-aventuranças nascem de “homens e mulheres que conhecem o sofrimento, que conhecem a confusão e a dor que é gerada quando” o chão se move “ou” os sonhos são inundados, referindo-se assim às catástrofes naturais que afetaram o Chile.