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Investigadores investigam ligação de morte de baobás a alterações climáticas

Foto Youtube
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O antigo baobá da África, conhecido como a “árvore da vida”, com o seu peculiar tronco inchado, está sob uma nova e misteriosa ameaça, com alguns dos espécimes mais antigos a morrer abruptamente nos últimos anos.

Nove dos 13 baobás mais antigos do mundo, com idades entre os 1.000 e os 2.500 anos, morreram nos últimos 12 anos, de acordo com um estudo publicado na revista científica Nature Plants e citado pela AP.

O colapso repentino é “um evento de magnitude sem precedentes”, diz o estudo.

As alterações climáticas, com o aumento das temperaturas e das condições de seca, é um fator considerado mais provável para estas mortes súbitas, mas ainda nenhuma causa foi definida.

As mortes destas árvores aconteceram em países do sul da África como o Botsuana, a Namíbia, a África do Sul, a Zâmbia e o Zimbábue.

“As árvores que estão a cair são as da faixa sul”, disse Stephan Woodborne, da Fundação Nacional de Pesquisa da África do Sul, um dos autores do estudo.

“Acreditamos que o que está a acontecer é que o contexto climático em que os baobás existem está a sofrer alterações e por isso não estamos a falar sobre a extinção em massa de baobás”, explicou.

Os investigadores registam poucas árvores jovens na região afetada e as árvores maduras estão a morrer, por isso consideram que “provavelmente se está a observar uma mudança na distribuição [dos baobás] em resposta à pressão climática”, disse Stephan Woodborne.

A “árvore da vida” encontra-se habitualmente em zonas quentes e secas da savana do sul do continente africano e fazem parte dos habitats locais de elefantes, rinocerontes e outros animais selvagens.

Os elefantes ajudam a propagar as árvores quando comem frutos de baobá, com as sementes a serem espalhadas através dos dejetos deste animal.

“As árvores de baobá são obviamente icônicas devido ao seu tamanho e forma, sendo também muito distintas na paisagem africana, e as comunidades têm-nas usado por várias razões ao longo do tempo”, sublinhou Stephan Woodborne.

“Encontramos muitos sítios arqueológicos debaixo dessas árvores e, quando temos árvores com mais de mil anos, estamos a falar de ocupações ocorridas há muitas centenas de anos”, realçou.

Os baobás armazenam grandes quantidades de água no tronco e nos ramos, dando às árvores uma forma bulbosa, e as maiores podem armazenar até 140.000 litros (37.000 galões) de água sugados durante as estações chuvosas.

As árvores são muitas vezes reverenciadas por comunidades locais que se reúnem em torno delas para realizar cerimónias religiosas e comunicarem com os seus antepassados.

Estas árvores são ainda fundamentais naquelas regiões quentes, servindo como sombra para as comunidades e animais e o seu fruto é também utilizado para fazer bebidas e misturar com leite para uma comida parecida com iogurte.